OPINIÃO: ERA MARANHÃO

O terceiro governo de José Maranhão terminou na última sexta. Este foi um mandato tampão, que durou pouco mais de um ano e dez meses, período em que, no entanto, o peemedebista tornou-se o homem a governar a Paraíba por mais tempo na história. Somando suas três passagens pelo Palácio da Redenção, Maranhão comandou o Estado por um total de cerca de oito anos e cinco meses. Da morte de Antônio Mariz, em setembro de 1995, ao fim do primeiro governo, foram três anos e pouco mais de três meses.

No único dos três mandatos conquistados pelo voto, quando venceu Gilvan Freire na eleição plebiscitária de 1998, Maranhão governou de janeiro de 1999 até o início da abril de 2002, quando renunciou para disputar o Senado. São mais três anos e três meses que, somados a este terceiro mandato, totalizam os recordes oito anos e cinco meses. Além desse recorde, o que dirá a história sobre o governo Maranhão?

Na semana passada, ele afirmou que gostaria de ser lembrado como alguém que cumpriu seu dever e respeitou o povo paraibano. Mas, se a máxima diz que a primeira impressão é a que fica, na gestão pública o que deixa marcas realmente são as últimas cenas. Muito do que a história dirá do peemedebista terá referência com esse último mandato. E, para sua biografia, estas últimas páginas não são das mais brilhantes. A reviravolta que deu a Maranhão o governo parece não ter permitido uma maior reflexão prévia sobre o que faria em um ano e dez meses.

O que se viu foi uma gestão demasiadamente preocupada com as aparências, mas que escondia sob o tapete problemas gravíssimos. Os últimos dias, sobretudo após a perda das eleições, foram desastrosos: crise aguda na saúde, ameaça de falta de comida nos presídios, estouro total das receitas. De qualquer jeito, quando a poeira do tempo cobrir esse instante, a história deverá fazer seu julgamento frio, impessoal e implacável do Governo Maranhão.

Hipótese

Num período próximo, o único a poder bater o recorde de José Maranhão à frente do Governo do Estado é justamente seu arquirrival, o tucano Cássio Cunha Lima, que o conseguiria caso fosse eleito para mais um mandato no Palácio da Redenção.

O tempo

Cássio governou a Paraíba durante seis anos e um mês e meio, de 01 de janeiro de 2003 a 17 de fevereiro de 2009. Todavia, tanto pelo cenário político do momento quanto pelos problemas que enfrenta com a justiça, ele não vai voltar a disputar tão cedo o retorno ao Palácio da Redenção – que deve ser um propósito pessoal do tucano.

Futuro

Se ainda não sabe o que fará de seu futuro, o agora ex-governador José Maranhão parece ter uma convicção: não pretende abandonar a vida política. Aos 74 anos, o homem de Araruna parecer ainda ter ânimo para partir em busca de um novo recomeço.

Prefeitável

Dentre as muitas especulações sobre o futuro do ex-governador Maranhão, uma das mais aventadas aponta para sua candidatura a prefeito de João Pessoa. Quem torce o nariz para essa hipótese é o deputado federal reeleito Manoel Júnior, que não esconde de ninguém sua pretensão de disputar a prefeitura da Capital, de onde, aliás, já foi vice.

Falando nisso

Manoel Júnior tinha a intenção de ser um dos candidatos do PMDB ao Senado da República, mas, com Maranhão governador, foi convencido por ele a adiar seus planos.

Sem peso

Sem mandato, de agora em diante o ex-governador, apesar de manter-se como uma figura respeitada no PMDB/PB, não exercerá grande influência nas decisões do partido.

Ocupação

A tese de que o ex-governador paraibano seria um dos ministros de Dilma Rousseff nunca teve fundamento, mas Maranhão espera um cargo que possa mantê-lo na ativa.

Cápsula do tempo

Vai aí uma projeção, contrapondo o cenário atual ao provável quadro futuro: José Maranhão não deverá ser o candidato do PMDB à prefeitura de João Pessoa em 2012.

1 Comentários

Aderaldo Luciano disse…
É lamentável o desrespeito de Maranhão para com o Estado Brasileiro e o Estado Paraibano. Estamos estupefactos diante de tanta mácula, mas não poderíamos esperar coisa diferente de um homem que apostou tudo na eleição, até sua dignidade.