ARTIGO: LIÇÕES DE 2002 (ROBERTO PAULINO E O PORQUÊ DE SUA IDA AO ÚLTIMO DEBATE DAQUELA ELEIÇÃO)

Naquele ano de 2002, José Maranhão terminava seu segundo mandato como governador. Para disputar o Senado, renunciou ao cargo em março, entregando o Estado ao vice, Roberto Paulino, cuja missão era governar por nove meses, e nada mais. O candidato do PMDB a governador era Ney Suassuna, então senador e, pomposamente, ministro da integração nacional. Mas Ney, após um vaivém de meses, garantindo ser candidato, mas nada fazendo pela candidatura, acabou deixando o páreo. E sobrou para Roberto Paulino enfrentar a missão de ir ao pleito, tendo como adversário Cássio Cunha Lima, que deixava a prefeitura de Campina e gozava status de franco favorito.
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A disputa, porém, foi acirrada, vencida apertadamente no segundo turno. Hoje, Roberto Paulino considera que, mesmo tendo perdido, venceu. “Numa eleição que se perde por uma diferença pequena como aquela a gente tem que se ver como vencedor”, afirma. Pergunto como recebeu o convite, na verdade quase uma intimação, para ser o candidato, no lugar de Ney. “O partido precisava de uma candidatura, e fui indicado. Agi para colaborar com meu grupo”, responde. E comenta a sensação de passar de candidato desacreditado a postulante com chances reais de vitória: “Ás vezes eu questionava a Deus se aquele era eu mesmo, se aquilo estava acontecendo comigo”.
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Um fato que marcou aquela eleição foi a presença de Paulino no debate de uma emissora de TV. Aliados e assessores não queriam que ele – tímido e nada eloqüente –fosse ao debate. Um grave acidente envolvendo sua esposa, dona Fátima (hoje prefeita de Guarabira), seria uma justa justificativa (vale a redundância) para a ausência. Mesmo assim, Paulino foi ao debate. Esta semana, oito anos depois, tive a chance de perguntar por que resolveu ir. A resposta é prova de que a dignidade pessoal deve estar acima de tudo, inclusive das estratégias eleitorais: “Fui porque assessores, que não queriam que eu fosse, publicaram uma nota, sem me avisar, dizendo que eu não iria”.
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Artigo publicado originalmente no Diário da Borborema de 05 de setembro de 2010

2 Comentários

Fábio disse…
gostaria muito de ter o vídeo deste debate,me falaram que foi uma comédia.
Fábio disse…
gostaria muito de ter o vídeo deste debate,me falaram que foi uma comédia