Poucas vezes ouvi ou li um agente público dar declarações tão absurdas quanto o que consta de matéria veiculada hoje pelo Diário da Borborema, que revela uma realidade alarmante em que homicídios deixam de ser investigados em Campina Grande por falta de estrutura da Polícia Civil. Na matéria, assinada pelo jornalista Márcio Rangel, consta, em determinado trecho:
“Sem agentes e escrivães, a delegacia adjunta há cerca de 30 dias já parou completamente suas atividades. Já a titular está funcionando apenas com dois agentes e um escrivão e encontra-se sobrecarregada. Por causa deste quadro, pelo menos 15 dos últimos assassinatos ocorridos em Campina Grande sequer tiveram o inquérito aberto e estão sem nenhum acompanhamento das autoridades”.
É um cenário absurdo e aterrador, diante do qual a delegada adjunta de homicídios, Elizabeth Beckman, corajosamente escancara os fatos:
"Pelo menos 15 ocorrências ocorridas nos últimos dias, que não possuem autoria conhecida, estão encalhadas na Coordenação Judiciária da delegacia central. Faz mais de 30 dias que nós paralisamos todasas investigações na delegacia adjunta. Estou sozinha, sem agentes e sem escrivão", revelou.
Embora quem chegue até esse ponto da leitura da reportagem já acredite ter lido absurdos suficientes, que “justificam” o crescimento da violência na Paraíba, o que vem a seguir, as declarações do secretário de segurança Gustavo Gominho, são de causar perplexidade. Vejamos o próximo trecho:
De acordo com o secretário, há quase dois anos, a atual administração não tem medido esforços para melhorar a estrutura de trabalho nas delegacias. "São reformas de delegacias, compra de materiais de expediente, armas e munições e de várias viaturas. Só que não podemos resolver problemas de mais de uma década em apenas um ano e meio. As dificuldades existem, mas temos este compromisso de melhorar o quadro”.
E, o pior de tudo, na desastrosa fala do secretário:
“Não admitimos que isto seja justificativa de nenhum servidor para não trabalhar", comentou Gominho.
Resumindo o absurdo:
1. Mais uma vez o secretário empurra a responsabilidade pelos problemas na segurança pública da Paraíba para gestões passadas. É claro que isso também é verdade, mas o fato é que quem assume um governo tem que assumir as responsabilidades. O governo Maranhão não inaugura e faz propaganda de obras de gestões passadas, assumindo para si o mérito, sem citar a parte que coube aos outros? Por que não assume da mesma forma os problemas da Paraíba?
2. Quando Gominho fala em 10 anos, está sendo tão sincero que ataca seu próprio chefe, já que, há 10 anos, Maranhão era o governador da Paraíba. Aliás, quando empurra a culpa para as gestões anteriores, atinge o atual governador, que já havia administrado o Estado por dois mandatos, e é o homem que mais tempo esteve no comando do Governo da Paraíba;
3. O secretário se refere às reformas de delegacias, mas não cita que a central de polícia de Campina Grande está desabando, que o IML da Cidade pode cair sobre funcionários e pessoas que lá estejam a qualquer momento. O argumento, em ambos os casos, gira em torno da burocracia nos procedimentos licitatórios, mas, cabe perguntar: se fosse o Palácio da Redenção, não se dava um jeito de resolver com urgência urgentíssima?
4. Ainda sobre a estrutura, por que Gominho não fala dos concursados da Polícia Civil que o governo atual se recusa a contratar, alegando impedimento por responsabilidade fiscal, quando entidades da categoria afirmam peremptoriamente que, se a folha não estivesse inchada por nomeações, dava para contratar e pagar?
5. Mais uma vez este governo empurra a responsabilidade e a culpa de seus desacertos para o servidor. “Não admitimos que isto seja justificativa de nenhum servidor para não trabalhar", comentou Gominho. Sempre o servidor é o "Judas", o culpado. Sempre aviltado, em gestos de pleno desrespeito.
As declarações de Gominho não revelam sinceridade. Implicam numa postura que não admite ter que prestar satisfações à sociedade, e que culpa a todos para imiscuir-se das responsabilidades que deveria assumir.
“Sem agentes e escrivães, a delegacia adjunta há cerca de 30 dias já parou completamente suas atividades. Já a titular está funcionando apenas com dois agentes e um escrivão e encontra-se sobrecarregada. Por causa deste quadro, pelo menos 15 dos últimos assassinatos ocorridos em Campina Grande sequer tiveram o inquérito aberto e estão sem nenhum acompanhamento das autoridades”.
É um cenário absurdo e aterrador, diante do qual a delegada adjunta de homicídios, Elizabeth Beckman, corajosamente escancara os fatos:
"Pelo menos 15 ocorrências ocorridas nos últimos dias, que não possuem autoria conhecida, estão encalhadas na Coordenação Judiciária da delegacia central. Faz mais de 30 dias que nós paralisamos todasas investigações na delegacia adjunta. Estou sozinha, sem agentes e sem escrivão", revelou.
Embora quem chegue até esse ponto da leitura da reportagem já acredite ter lido absurdos suficientes, que “justificam” o crescimento da violência na Paraíba, o que vem a seguir, as declarações do secretário de segurança Gustavo Gominho, são de causar perplexidade. Vejamos o próximo trecho:
De acordo com o secretário, há quase dois anos, a atual administração não tem medido esforços para melhorar a estrutura de trabalho nas delegacias. "São reformas de delegacias, compra de materiais de expediente, armas e munições e de várias viaturas. Só que não podemos resolver problemas de mais de uma década em apenas um ano e meio. As dificuldades existem, mas temos este compromisso de melhorar o quadro”.
E, o pior de tudo, na desastrosa fala do secretário:
“Não admitimos que isto seja justificativa de nenhum servidor para não trabalhar", comentou Gominho.
Resumindo o absurdo:
1. Mais uma vez o secretário empurra a responsabilidade pelos problemas na segurança pública da Paraíba para gestões passadas. É claro que isso também é verdade, mas o fato é que quem assume um governo tem que assumir as responsabilidades. O governo Maranhão não inaugura e faz propaganda de obras de gestões passadas, assumindo para si o mérito, sem citar a parte que coube aos outros? Por que não assume da mesma forma os problemas da Paraíba?
2. Quando Gominho fala em 10 anos, está sendo tão sincero que ataca seu próprio chefe, já que, há 10 anos, Maranhão era o governador da Paraíba. Aliás, quando empurra a culpa para as gestões anteriores, atinge o atual governador, que já havia administrado o Estado por dois mandatos, e é o homem que mais tempo esteve no comando do Governo da Paraíba;
3. O secretário se refere às reformas de delegacias, mas não cita que a central de polícia de Campina Grande está desabando, que o IML da Cidade pode cair sobre funcionários e pessoas que lá estejam a qualquer momento. O argumento, em ambos os casos, gira em torno da burocracia nos procedimentos licitatórios, mas, cabe perguntar: se fosse o Palácio da Redenção, não se dava um jeito de resolver com urgência urgentíssima?
4. Ainda sobre a estrutura, por que Gominho não fala dos concursados da Polícia Civil que o governo atual se recusa a contratar, alegando impedimento por responsabilidade fiscal, quando entidades da categoria afirmam peremptoriamente que, se a folha não estivesse inchada por nomeações, dava para contratar e pagar?
5. Mais uma vez este governo empurra a responsabilidade e a culpa de seus desacertos para o servidor. “Não admitimos que isto seja justificativa de nenhum servidor para não trabalhar", comentou Gominho. Sempre o servidor é o "Judas", o culpado. Sempre aviltado, em gestos de pleno desrespeito.
As declarações de Gominho não revelam sinceridade. Implicam numa postura que não admite ter que prestar satisfações à sociedade, e que culpa a todos para imiscuir-se das responsabilidades que deveria assumir.
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