Abordagem do Governo do Estado sobre pandemia não é alerta, é alarde


Quem acompanha o quadro da pandemia unicamente pelo viés apresentado pelo Governo do Estado tem um retrato muito mais assombroso que a realidade. O tom empregado, eminentemente, não é de alerta, mas de alarde.

Não é o chamamento necessário à responsabilidade no enfrentamento da covid-19 e a rechaçar o negacionismo infundado; é um mote sempre excessivo, um tom exagerado, sim, de pintar um cenário caótico que, não raro, beira o terror.

As informações mais repercutidas pelos integrantes do governo são, em regra, as que trazem más notícias. Os dados informados não são falsos, claro, mas, quase sempre representam uma perspectiva unilateral, o pior prisma possível.

Agora, por exemplo, é divulgado com estardalhaço a total ocupação da UTI do Hospital de Clínicas. Só que não existe superlotação na rede municipal, mesmo sendo o ponto de convergência de atendimento para outros 69 municípios.

Quem for ao Pedro I verá que não há cenário de terra arrasada.

É evidente que houve aumento no número de casos. É evidente que a doença mata e nenhum de nós está imune – talvez nem quem já foi contaminado e se curou.

É evidente que não se pode brincar com a situação. É evidente que ainda não é tempo para um relaxamento.

Mas, também é evidente que agravar a realidade, transmitir uma impressão de que a situação é ainda pior, difundir tão somente as perspectivas mais pessimistas implica um desserviço.

Apavorar a população é tão desnecessário quanto disseminar negacionismo. E ainda deixa no ar uma ou duas perguntas inevitáveis: por que e para que isso?

Se a diferença entre o remédio e o veneno está na dose, melhor o Governo do Estado se colocar em quarentena de autocrítica contra a falta evidente de moderação.

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