Opinião: "Ainda bem que os políticos brigam"


A postura do ex-governador Ricardo Coutinho, de quase um rei das Tabajaras, mal era suportada pelos seus próprios aliados mais próximos. Tendo feito o sucessor, o poder do cacique girassol provavelmente teria chegado ao Olimpo, não fosse a recorrência de Ricardo em um fato certo em sua trajetória política: mais um rompimento.

Tudo indica, embora alguns ainda insistam em acreditar em jogo de cena dos dois, que ele e seu ungido João Azevedo caminham para o pleno antagonismo. Tomara!

Mas, por que torcer pelo dissenso entre João e Coutinho? Pela mesma razão que precisamos comemorar o afastamento entre todos os “poderosos” do estado.

Ocorre que em um lugarejo pobre e pequeno, com tanta dependência do poder, como é a realidade da Paraíba, a unificação das lideranças políticas constitui uma força que é extremamente perniciosa para a já combalida democracia regional.

Enquanto brigam, pelo menos há alguma expectativa de alternância no poder e nenhum nome ou grupo se estabelece como todo-poderoso. Portanto, as arengas entre clãs e mandachuvas, que fraturam o poder na queda de braço pelo domínio político da Paraíba, mostram-se positivas e necessárias.

Ainda bem que José Américo de Almeida e Argemiro de Figueiredo foram para o embate em 1950. Ainda bem que o PMDB se dividiu em 1998. Ainda bem que Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho digladiaram em 2014. Ainda bem, enfim, que os políticos brigam.

Porque pelo menos assim há alguma disputa. Porque pelo menos assim não se eternizam no poder. Porque pelo menos assim um ou outro aqui e ali sai derrotado. 

Porque pelo menos assim, e guardadas as devidas e tantas proporções, esta gente vez ou outra experimenta a realidade impingida eleição após eleição sobre o povo que, ganhe quem ganhar, sempre perde. 

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