Pedindo “ajuda a Deus e aos homens”, há quase 45 anos Chico Maria assumia Delegacia de Polícia de Campina Grande


Chico Maria é uma das mais impressionantes figuras da história de Campina Grande. Sem exagero. Homem de inteligência privilegiada, jurista, foi delegado e exerceu cargos de comando na Polícia Civil estadual e na segurança pública da Paraíba, para, depois, numa grande guinada, assumir o papel de igualmente brilhante comunicador, sendo um dos maiores entrevistadores que já tivemos nestas terras tabajaras. Em junho de 1972, ele foi empossado na chefia da Polícia Civil na cidade, fato assim registrado pelo Jornal da Paraíba de 06/06/72:

Prometendo tudo fazer com a ajuda de Deus, de sua gente e das autoridades, para não decepcionar, foi empossado ontem às 17:00 no cargo de Segundo Delegado de Polícia de Campina Grande, o bacharel Francisco Maria Filho. Recebeu o cargo das mãos do tenente-coronel Joaquim Sinfrônio da Silva, até então respondendo pelas duas especializadas, desde a demissão do advogado Rui Barbosa. O coronel Sinfrônio afirmou na oportunidade que a cidade estava de parabéns, recebendo um novo delegado, que pela experiência e boa vontade de servir a sua terra, tudo iria fazer para o bom desempenho do cargo, pensando tão somente na segurança de Campina Grande.

COM AJUDA DE DEUS

Em rápidas palavras, o novo delegado afirmou: “Não pedi para ser delegado, todos sabem disso. O governador convidou-me e aceitei o convite. Ao lado das autoridades da Polícia Federal, Quinta Companhia de Infantaria, justiça e os amigos, tudo farei para não decepcionar a terra onde nasci. Peço a Deus que me ilumine nessa nova tarefa de servir a Campina Grande, num cargo de tanta responsabilidade. Vamos esquecer tristes casos que se verificaram de tempos para cá no setor de policiamento de Campina e todos juntos vamos trabalhar”.

A posse de Chico Maria foi prestigiada por comerciantes, industriais, juízes, advogados e autoridades, entre as quais o tenente coronel Lindeberg Patrício, comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar; bacharel Euclides Barbosa da Silva, chefe do posto local da Polícia Federal; juiz Francisco de Assis Martins, diretor do fórum Afonso Campos; e major Paulo Câmara, comandante da Quinta Companhia de Infantaria.

METAS

Pretende o delegado Francisco Maria Filho desenvolver intenso trabalho de investigações, visando desvendar dezenas de crimes que ocorreram em Campina Grande, deixando as autoridades preocupadas com os reclamos dos campinenses. Afirma aquela autoridade que será feito o que estiver ao seu alcance, dependendo sobretudo dos recursos que o Estado oferecer, para se manter a ordem e evitar-se o crime, numa luta que necessita o empenho de muitos, não só dos policiais, mas também do povo desta terra.

SERIEDADE

O novo delegado sempre se destacou pela seriedade com que enfrenta as tarefas de atividades policiais, pensando acima de tudo na responsabilidade que assumiu. Atendeu o convite do governador Ernani Sátyro, para dar sua colaboração a Campina Grande, dentro de suas limitações, "naturalmente", fazendo questão de frisar. Reconhece as dificuldades que tem a polícia, encontrando sempre um obstáculo a mais, razão pela qual a função policial exige boa vontade e desprendimento.


Um dia após assumir delegacia, Chico ouve acusado de crime. Imagem: JP

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