Benjamin Maranhão defende impeachment e rechaça comparação com golpe de 64

 
O deputado federal Benjamin Maranhão (SD) usou a tribuna da Câmara dos Deputados, na tarde desta quinta-feira (31), para rebater as comparações feitas por parlamentares petistas de que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) se assemelha com o golpe de 64.

Segundo Benjamin, os aliados do governo querem taxar de golpe algo que é próprio da Constituição e da plenitude do Estado Democrático de Direito, que é o processo de impeachment.

“Eles querem associar a data de 31 de março (a data da quartelada, a data do golpe militar), ao movimento que está acontecendo neste momento e que vai levar ao impedimento da Presidente Dilma Rousseff. A distância é gigantesca. Eu conheço os efeitos desse movimento de 1964 e do golpe militar, com todas as agruras pelo qual o País passou, não só pelos livros de História, mas pela minha história familiar”, destacou Benjamin.

Na tribuna, o deputado paraibano contou que sua família lutou contra a ditadura. “O meu tio, o atual Senador José Maranhão, foi cassado e passou 20 anos sem mandato. O meu avô chegou a ser preso. A minha mãe foi uma das primeiras Prefeitas eleitas pelo MDB, estando na luta pela redemocratização do País. E, assim, eu cresci. Cresci vendo esse movimento, cresci acompanhando a luta de Humberto Lucena, de Antonio Mariz, de Ronaldo Cunha Lima, de José Maranhão e de tantos outros que constituíram a luta e a trincheira pela redemocratização do País”, disse.

Para Benjamin, essa também é a história de muitos deputados que estão no campo da oposição. “Não queiram vocês, petistas, taxar o nosso movimento, que é democrático, que é legal, que é constitucional, como algo que ocorreu no passado”, rechaçou.

Benjamin também citou alguns pronunciamentos que comparam a biografia da presidente Dilma a de João Goulart. “Dilma Rousseff não tira letra com a biografia de João Goulart. João Goulart foi um líder popular, construiu uma carreira política por si só, foi eleito Vice-Presidente da República com uma grande votação, porque, na época, era apartada a votação de Presidente e de Vice. A Constituição e a lei eleitoral da época permitiam isso. Dilma Rousseff chegou à Presidência da República por exclusão. Chegou porque o candidato preferido à sucessão de Lula era José Dirceu e depois Palocci, mas ambos estavam envolvidos em escândalos”, afirmou.

Ele defende que o momento é outro. Para ele, o momento é de uma sociedade que se encontra indignada. Em seu discurso, ele destacou ainda que 70% da população brasileira desaprova o atual governo e querem o impedimento da presidente da República, não que essa seja uma solução milagrosa, mas como uma solução emergencial.

“(O impeachent) É um remédio constitucional para que não haja uma ruptura, é um remédio apontado para que a transição entre um período em que está havendo o desgoverno, o descontrole das contas públicas, uma inflação desenfreada, um desemprego de 10 milhões de brasileiros, com 6 mil desempregados por hora, seja combatido, para que o empresariado tenha segurança”, revelou.

“Vi muitas críticas à FIESP e às associações de empresários. Por que os grandes, os médios e os pequenos empresários estão contra o atual Governo? Estão contra porque estão sofrendo na pele o resultado dessa política econômica desastrosa. Sem investimento, não há emprego; sem emprego, não há política social que resolva; sem controle da inflação, não há programa social que garanta a renda e a dignidade do trabalhador”, completou o deputado.

Defesa do trabalhador – Benjamin disse ainda que sua luta na Câmara é em defesa do verdadeiro trabalhador que está perdendo seu emprego, que está vendo sua renda ser achatada e que está sofrendo todas as consequências do que foi apontado pelo jurista Miguel Reale, durante audiência pública da Comissão do Impeachment.

“É verdade quando se fala que é um verdadeiro jogo de dominó o desequilíbrio das contas públicas. Junto ao desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal, isso fez com que chegássemos a esse caos econômico, ao rebaixamento da nota do Brasil por todas as agências internacionais. O Brasil vai ganhar o selo agora de caloteiro por conta dos atos do atual governo. É isso que nós estamos combatendo. E estamos combatendo também o governo corrupto, ou será que algum deputado do PT vai defender o que está acontecendo na Petrobrás?”, indagou.

O deputado contou que percorreu o País como Presidente da Comissão de Trabalho, acompanhando as obras paralisadas da Petrobrás. Disse que foi a Charqueadas, no Rio Grande do Sul; ao Porto do Rio Grande, a Maragogipe, na Bahia. Além do estado de Pernambuco, em Suape. “E o que eu vi lá? O resultado do mar de lama que foi deixado pela Petrobrás”, questionou.

“Eu quero que algum deputado do PT defenda o rombo de R$ 500 bilhões da Petrobras, bem como o desemprego com as obras inacabadas que eu acompanhei, o desengano dos trabalhadores em Suape, no Porto de Rio Grande e em tantas plantas industriais da estatal, como no caso de Itaboraí, no Rio de Janeiro, que se encontram paradas pela corrupção que irrigou efetivamente as campanhas da senhora Presidente da República”, finalizou.

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