Em meio à crise, ônibus urbanos perdem 4% dos passageiros no país


Levantamento inédito da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano) estima uma perda de 900 mil usuários por dia.

Trata-se do quarto ano seguido de queda –e a maior registrada nesta década.Esse mapeamento é feito pela entidade a partir dos dados de 16 grandes cidades (incluindo as maiores capitais), que detêm praticamente dois terços dos passageiros transportados no Brasil inteiro.

Nas duas últimas décadas, os ônibus chegaram a perder espaço diante da concorrência de outros modos de transporte –como motos e carros. A principal explicação para a queda de 2015, porém, é a crise econômica –que incentiva mais deslocamentos a pé e reduz as viagens de trabalhadores empregados.

"A pessoa nem sai mais para procurar emprego porque não acha", avalia Otávio Cunha, presidente da NTU. A diminuição do número de passageiros cria uma dificuldade adicional para prefeituras e governos estaduais, que são os responsáveis pela gestão desse sistema.

Como a receita das empresas cai, é necessário readequar as despesas delas ou aumentar tarifas para cumprir os contratos com as viações. Como a pressão contra a alta das passagens é grande e haverá eleições municipais neste ano, os desequilíbrios agravam problemas de qualidade.

Cerca de 85% dos usuários de transporte público no Brasil circulam em ônibus. Os números eram ruins no primeiro semestre de 2015, mas pioraram nos seis últimos meses do ano, quando a queda média beirou 7%. As cidades que registraram os maiores tombos no fluxo foram Curitiba (PR) e Goiânia (GO), com 8% de redução do número de passageiros. Em SP, a queda foi de 0,9%.

O levantamento indica que a queda de usuários vinha sendo mais forte nas regiões periféricas das grandes cidades (áreas mais industriais). Os números do segundo semestre, no entanto, apontam que esse problema se alastrou para as capitais (onde há mais prestação de serviços).

Prefeitos fazem pressão no Congresso por um projeto de mudança constitucional que permitiria aos municípios cobrar novo imposto sobre a venda de combustíveis para financiar as tarifas de ônibus.

Segundo cálculos da NTU, uma taxa de R$ 0,10 no combustível na cidade de São Paulo renderia R$ 600 milhões por ano –equivalentes a quase um terço dos atuais subsídios municipais aos ônibus.

Fonte: Uol

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