Quem via aquele senhor idoso caminhando lentamente, mas com passo firme, pelas ruas do centro, sobretudo nas imediações do Edifício Lucas, onde mantinha seu escritório de trabalho, podia até não saber que aquele velhinho pequenino, de sorriso franco, era mais que apenas mais um transeunte.
As gerações contemporâneas, lamentavelmente desprovidas do conhecimento da história da nossa terra, podiam até não reconhecer quem era aquele senhor e qual a sua importância. Mas, ali estava um dos poucos remanescentes de um dos mais importantes períodos da história contemporânea de Campina Grande.
Mais que apenas uma testemunha da nossa história, seu Mário de Souza Araújo era, ele mesmo, um personagem importante do cronicário político da Rainha da Borborema. Nascido em 22 de outubro de 1924, na cidade de Cabaceiras, foi vereador em Campina, presidente da Câmara Municipal e secretário em várias gestões.
Mas, ele mesmo se orgulhava de ser, antes de tudo, o irmão de Félix Araújo, nosso maior herói da política campinense, patrono do poder legislativo e nome marcante e presente em todos os pontos da Vila Nova da Rainha.
Mário Araújo ingressou na vida pública para continuar o legado de Félix, covardemente assassinado em 1953 pelas mãos de um bajulador, João Madeira, e sob as bênçãos de chefetes políticos de então.
Lutou e de tudo fez para que a morte do irmão não ficasse impune, luta que, infelizmente, não pode vencer, numa prova evidente de que, na vida real, nem sempre o bem prevalece sobre o mal.
No entanto, Marinho, como era conhecido por muitos e como era chamado pelo próprio Félix, além de dignificar o legado do irmão, construiu sua própria história, forjada em um caráter forte, uma conduta proba, uma postura humilde, uma disposição de incansável trabalhador.
O irmão de Félix poderia ter sido apenas e tão somente uma sombra do herói campinense. Só que seu Mário foi muito mais. Construiu seu próprio legado e fez-se senhor de sua própria história.
Com seu passamento, Campina Grande fica mais pobre. E justamente em um momento em que a política campinense se encontra paupérrima de lideranças, de bons exemplos e de boas histórias, dominada por uma crescente mediocridade e tomada por representantes indiferentes ao passado, e que pouco se importam com o presente, o futuro ou o papel histórico que poderiam desempenhar.
Homens que, por sinal, não fariam nem farão falta à cidade ou à política.
Diferentemente de seu Mário Araújo, cuja perda para Campina Grande é, de fato, irreparável. E sobre o qual bem podemos dizer: morreu um homem de bem.
Vai em paz, Mário de Souza Araújo.
1 Comentários