Vereadores driblam imprensa e população com debates misteriosos entre quatro paredes

Nestas últimas duas semanas, a Câmara Municipal de Campina Grande resolveu reeditar, com alguns incrementos, a obtusa e nada transparente prática das reuniões secretas entre as quatro paredes do misterioso Salão Azul, em pleno horário de sessão ordinária, alijando a imprensa e a população das discussões (supostamente) envolvendo projetos a serem apreciados.

O incremento fica por conta do tempo que os parlamentares passam enfurnados na espaçosa sala, debatendo entre si aquilo que deveriam discutir em público, diante das pessoas que freqüentam as galerias, das câmeras e microfones que transmitem as sessões online e da imprensa que acompanha os trabalhos.

Querem alguns parlamentares fazer crer que tudo não passa de uma simples afinação de discurso para garantir o bom andamento da apreciação das matérias, quando, na verdade, as conversas entre quatro paredes são marcadas pela indiferença da maioria, que se limita aos bate-papos paralelos em volta dos sofás, enquanto um pequeno grupo decide como tudo deve transcorrer.

Resultado: exceto um ou outro tema que gera discussão por questões específicas ou puro jogo de cena, matérias são aprovadas num abrir e fechar de olhos. Nesta quinta-feira, por exemplo, após uma reunião de mais de uma hora a portas fechadas (como já havia ocorrido na terça e na quarta), espantando o público já escasso e a imprensa, houve matéria sendo aprovada em questão de segundos.

A prática do Salão Azul é uma burla, tirando da sociedade o direito de ter acesso à posição dos parlamentares não apenas na votação, como também nos debates. Ademais, se, como alegam alguns, nada de secreto é tratado entre as quatro paredes, por que o debate às ocultas? Para dar celeridade, como declaram outros, é que não é, como mostram as últimas sessões, encerradas já em avançado horário.

A intenção só pode ter a ver com o velho ditado: o que o olho (do cidadão) não vê, o coração não sente.

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