Quando Deus sorriu para mim

Foi no natal. Naquela noite, eu percebi. Victória estava na cozinha e Marina e eu, na sala. A luz apagada enchia o espaço com o multicolorido dos pisca-piscas. Ela, encantada com a árvore de natal, esperava uma mínima desatenção minha para puxar uma das bolinhas vermelhas, douradas ou prateadas que enfeitavam o pinheiro artificial.

Marina tinha, à época, um ano e meio e estava parecendo uma bonequinha em um vestido branco com flores cor de rosa e um laço nas costas, mais uma sapatilha fechando o estilo de uma verdadeira princesa. No violão, comecei a dedilhar umas canções típicas da época.

No embalo do “bate o sino pequenino, sino de Belém”, Marina animou-se a uma dança, tão desengonçada quanto graciosa, que consistia basicamente em girar, movimentar os bracinhos e flexionar os joelhos. E foi então que aconteceu: ela me olhava e sorria, enquanto seguia as evoluções da dança improvisada.

Girava e sorria. Dobrava os joelhinhos e sorria. Levantava os braços e sorria. E eu vi. Vi, com toda a certeza. Vi de forma muito forte, muito nítida, Deus sorrir para mim no sorriso da minha filha! Aquele sorriso tinha o toque do amor do Pai, que, através “da boca dos pequeninos, daqueles que mamam”, tocava meu coração com um gesto de amor eterno.

Não se tratou de nenhum fenômeno sobrenatural. Não foi, em si, nada além do comum. Era apenas minha menininha sorrindo para mim. Mas, aquele sorriso puro, fulgurante, tão espontâneo, era uma dádiva do amor do Pai que encantou os olhos e enterneceu o coração. Através dela, Ele sorriu para mim!

Através de Marina, o próprio Deus sorriu para mim!

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