Convenção nacional do PSDB: a exibição de um partido paulista ou europeu; brasileiro, não


O PSDB chega às vésperas de mais um ano de disputa presidencial sem contar em seus quadros com um único nome que demonstre musculatura para fazer frente ao PT nas urnas. A aposta da vez parece ser o senador mineiro Aécio Neves, um bom candidato, porém ilustre desconhecido em boa parte do Brasil, e que não demonstra o carisma arrebatador e a lábia de um Fernando Collor para virar um jogo no qual vai entrar sem ser favorito.

Os tucanos pagam o preço dos seus próprios pecados, tendo chegado ao cúmulo de, na eleição de 2010, fazer a campanha de um bisonho José Serra renegando o que de mais importante o partido tem em seu currículo: Fernando Henrique Cardoso, o homem que domou uma inflação que parecia incontrolável e começou a por o país no rumo da estabilidade econômica.

O PSDB, apesar de Aécio aparecer como renovação, é um partido que parou no tempo. Tem sotaque sudestino, ar blasé, uma impressionante falta de competitividade e força como oposição, somando-se a isso o jeitão dos seus principais nomes – a exceção é FHC – que lembram mais cópias do Conde Drácula, pálidos, inexpressivos, sem sangue nas faces – sem sangue no olho.

José Serra, Geraldo Alckmin e Sérgio Guerra, por exemplo, parecem sujeitos de outra dimensão, estranhos, de semblante esquisito, como a temer o sol da realidade cotidiana; olhar vago, discurso sem expressão emocional. As lideranças tucanas que desfilaram pelo palco da convenção exibiam perfis de dândis, grãfinos, doutores, quase de europeus. Mas, sem a cara do Nordeste, do Norte, enfim, do Brasil. É quase um partido estadual paulista.

O PSDB peca contra o país ao ser ineficaz na vigilância ao PT. Peca por não conseguir fazer frente ao poderio petista. Peca quando não consegue, por três eleições seguidas – lá vem a quarta – oferecer um nome com substância suficiente para bater de frente com o grupo de Lula.  E, como todo pecado há sempre de ser castigado, os tucanos padecem numa demorada condenação ao limbo dos fracassos eleitorais.
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