Alexandre cita Carlos Lacerda em discurso sobre a imprensa e professor Leonardo Alves (boca quente) profere palestra


A sessão especial em homenagem ao Dia da Imprensa, que será comemorado no próximo sábado, 01, realizada no plenário da Câmara Municipal de Campina Grande, teve como palestrante principal o jornalista, professor e doutorando Leonardo Alves e contou com as presenças de representantes de segmentos da categoria, a exemplo da Associação Campinense de Imprensa (Eliomar Gouveia) e Associação Paraibana de Imprensa (João Pinto).

Leonardo Alves falou sobre os desafios da imprensa na atualidade, desde as redações dos jornais e televisões, passando pelo rádio e chegando aos portais e blogs da internet. O experiente jornalista mostrou, ainda, as mudanças já perceptíveis ao longo do tempo no cotidiano da atividade da imprensa, inclusive o acúmulo de funções sobre um único profissional.

Em seu discurso, Alexandre do Sindicato afirmou que “Não há democracia madura com imprensa manietada pelo poder. A liberdade de imprensa é o termômetro do ambiente democrático”. O vereador também citou trecho de um discurso do político e jornalista Carlos Lacerda, uma figura icônica da História contemporânea do Brasil.

Veja, a seguir, o pronunciamento de Alexandre, na íntegra.

Senhores e senhoras

Hoje, cá estamos reunidos para comemorar o Dia da Imprensa. Uma data que nos leva a muitas reflexões, porque a imprensa é o reflexo mais nítido da democracia.

Não há democracia madura com imprensa manietada pelo poder. A liberdade de imprensa é o termômetro do ambiente democrático. E isso porque democracia não é apenas o direito ao voto livre. 

De forma alguma! O conceito é muito mais abrangente que o mero gesto frente às urnas. Democracia é, acima de tudo, consciência livre.

É liberdade de pensar e de expressar pensamentos. De opinar, de discordar, de ser. É, também, a liberdade de ter acesso à informação. 

Sabemos que via de regra, o anseio dos que fazem a imprensa é produzir a informação com a máxima imparcialidade e legitimidade. No entanto, são muitos os fatores que subordinam a vontade à realidade.

E isso, infelizmente, não vem de hoje. O controle da informação pelo poder, o garroteamento da imprensa, a oposição à liberdade da informação é, infelizmente, uma marca, uma nódoa, na História do nosso país.

Relembro, nesse momento, discurso do jornalista e político Carlos Lacerda, uma figura histórica, no Senado da República, tratando sobre esse tema. 

O pano de fundo é, agora, irrelevante, porque o que importa é que o pronunciamento inflado de Lacerda continua, lamentavelmente, atualíssimo.

Disse ele:

Meus amigos, nós partimos para o que parecia ser uma cruzada pela liberdade de imprensa e acabou sendo uma cruzada pela libertação nacional.

E isso não se deu por acaso. É que quando se quer envenenar uma nação, começa-se por envenenar as fontes do conhecimento público, começa-se por envenenar as fontes de informação, sem as quais o povo não sabe o que se passa, ou, pior ainda, só sabe errado aquilo que se passa certo.

É através da corrupção da imprensa, é através da intimidação da imprensa, que se acaba por corromper e intimidar a própria opinião do povo.

Se votou no Brasil, não apenas um negócio para um grupo de afilhados do poder. Não foi apenas um negócio feito à custa da miséria e do espoliamento do povo. Foi também um negócio para destruir no povo a consciência da democracia.

Foi um negócio feito para fazer o povo descrer de si mesmo, para fazer com que o povo pensasse que de nada valia protestar em praça pública, porque os homens do poder pensariam por ele e por ele agiriam desde o começo até o fim. 

Essas foram palavras de Carlos Lacerda, que, repito, continuam atualíssimas, infelizmente.

Se, no entanto, for sonho, ousaremos sonhar com um tempo em que haja, de fato, liberdade de imprensa.

Porque, nesse dia, saberemos que estamos a viver, enfim, em uma democracia madura e plena.

Muito obrigado.

Assessoria

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