Deus ensinou as mulheres a fazer milagres

Quando paro para pensar nos tempos de infância, tento compreender como minha mãe, semi-analfabeta, sem emprego, sem a ajuda de ninguém, conseguiu sustentar quatro filhos. Como conseguia pagar água, luz, gás e colocar comida para quatro bocas dentro da casinha de taipa de porta azul da rua lamacenta de um bairro marcado pela violência? – aliás, sem perder nenhum filho para a marginalidade.

Eu me lembro que a necessidade era grande; a penúria, tremenda; a comida, insuficiente. Mas, ninguém nunca desmaiou de fome lá em casa. Como? Sinceramente, penso, repenso, e pergunto: Como, meu Deus? Criar um filho, mesmo tendo emprego, mesmo sendo apenas um ou dois, já é uma luta. Como, então, dona Lourdes, bronca, sem nenhum ofício, deu conta de criar quatro?!

Quem deve saber a resposta são outras tantas e tantas mulheres que fizeram – e fazem – o mesmo. Quantas mulheres no Mundo acumulam o mister de ser mãe e pai? Como se desdobram para cuidar da casa, de fazer os filhos estudar, de desviá-los das más influências, e ainda conseguem trazer – pouco ou muito – o pão para a boca de cada um?

A explicação é óbvia. Não pode haver outra: trata-se de um milagre. Sim, as mulheres sabem fazer seus milagres! O que é, por exemplo, a maternidade? Pode-se perfeitamente descrever, cientificamente, objetivamente, como se dá a geração de um filho. A mulher tem, no seu próprio corpo, o abrigo da vida que se forma, o alimento da vida que se inicia. Quem disse, porém, que precisa ser inexplicável para ser um milagre? A vida é um milagre e as mulheres são as depositárias dessa graça inefável. Será por acaso?
 
Não é! Deus, que é pai e mãe, ensinou às mulheres alguns milagres, para bem da humanidade. Não há supremacia de gêneros. Mas, que as mulheres carregam um mistério, um toque do divino, impossível negar. É um pacto atávico, inconsciente. E eterno. As mulheres sabem fazer certos milagres. Sabem! Foi o próprio Deus quem as ensinou.

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