Vereadores lamentam tragédia da seca, mas fazem que não ouvem proposta para doar cestas básicas

Belos dicursos, mas mãos fechadas
Há semanas as discussões sobre os efeitos da estiagem prolongada vêm pautando o debate na Câmara Municipal de Campina Grande. Entre a meia dúzia de vereadores que comparecem regularmente às sessões, todos já ocuparam a tribuna do plenário para recitar as mazelas da seca e deprecar contra a inércia do Governo Federal e dos congressistas nordestinos.

Hoje, no entanto, os augustos e caridosos vereadores tiveram a oportunidade de fazer um pouco mais que apenas verbalizar. O vereador Olímpio Oliveira (PMDB), crítico da famigerada “Caravana da Seca”, inventada pela Assembleia Legislativa, ao saber que o parlamento mambembe passaria por Campina Grande e visitaria a Câmara, fez uma proposta aos seus pares:

“Eu faria um requerimento verbal, para dar sentido a essa caravana da seca, que esta casa doasse pelo menos cem cestas básicas, para que essa caravana leve aquilo que o sertanejo e o caririzeiro estão a necessitar. Acho que esta casa daria uma contribuição para que essa caravana tivesse um sentido prático. Pode até descontar do nosso salário”, sugeriu.

Olímpio desceu da tribuna e não se falou mais no assunto. Os ilustres parlamentares campinenses, diante de uma possibilidade de fazer algo que, embora singelo, fosse concreto, deixaram o assunto passar, fizeram-se de desentendidos.

Conta rápida

Se os dezesseis vereadores acatassem a idéia do colega peemedebista, para que a Câmara doasse cem cestas básicas, cada um teria que custear pouco mais de seis cestas. Arredondemos para sete. Hoje, o Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual da Paraíba (Ideme) divulgou o preço médio da cesta básica em João Pessoa: R$ 235,85.

Logo, cada vereador arcaria com cerca de R$ 1.650. A proposta, portanto, deve ter doído no bolso dos nossos pobres parlamentares municipais. Menos mal que pelo menos estes não inventam de fazer turismo no Cariri e no Sertão à custa do erário.

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