1. Depoimentos viraram “milagres”
Diante da desvantagem da então candidata Tatiana Medeiros nas pesquisas, seu marketing resolveu apostar em mais uma estratégia arriscada: o emocionalismo, o uso da emoção levada a extremos.
O mais explícito uso desse recurso se deu nas histórias de doentes que teriam sido tratados pela candidata-médica. Utilizar esses depoimentos era uma idéia válida e inteligente, mas que foi empregada de forma extravagante e indevida, com um tom quase milagroso. Isso pode “fisgar” alguns eleitores, mas também cria rejeição em muitos.
2. Mãe só tem uma
Outro exagero foi a história de tentar trabalhar a concorrente como “mãe de Campina”. Além de a candidata não passar essa imagem de “mãezona” do povo, mãe é uma figura praticamente sagrada para quase todo mundo, razão pela qual esse tipo de comparação tende mais a desagradar que a envolver.
3. Religião e política: mistura bombástica
Ao repercutir insistentemente uma malfadada ação de advogados da coligação adversária contra uma denominação evangélica da cidade, o marketing do PMDB esqueceu um detalhe: a regra de procurar saber se essa “bomba” não podia provocar respostas com efeitos colaterais. Não deu outra. O rebate do marketing do PSDB denunciou que a prefeitura mantém várias ações demolitórias contra igrejas.
Além disso, a condenação veemente do juiz da 16ª zona à exploração desse tipo de temática foi um emblema do quanto é controverso o benefício de tal recurso. “Não tenho dúvida de que tal postura violenta a consciência do eleitor, fomentando, repita-se, o preconceito religioso”, afirmou o juiz Cláudio Antônio de Carvalho Xavier,
4. Bônus, sim, ônus não
No guia, o prefeito Veneziano afirmou que votar em Tatiana era o mesmo que votar nele. A candidata encarnou o governo do correligionário, apresentando-se como o nome de continuação do modelo implantado pelo prefeito. Beneficiou-se amplamente com os bônus de uma candidatura governista.
Mas, ao ser interpelada sobre problemas dessa mesma gestão, durante debates, saiu-se com uma evasiva infeliz, afirmando que não podia responder pelo prefeito. Uma contradição tão grande que mesmo o eleitor mais humilde pôde perceber.
5. Muletas
O PMDB precisava ter percebido que, embora no guia os adversários não explorassem o assunto, nas ruas (assim como nas redes sociais), havia muita especulação em torno da limitação física imposta à candidata por um acidente que a forçou, segundo foi explicado, a usar muletas durante praticamente toda a campanha.
A conversa do boca a boca tratava de lançar dúvidas sobre a gravidade do problema, que seria, na versão de alguns críticos mais vorazes, uma justificativa para manter-se longe do contato corpo a corpo das ruas. A desconfiança foi aumentada justamente pelo longo período e até pela posição em que a prefeitável aparecia sentada (pernas cruzadas) no guia.
Numa campanha renhida, especulações de assuntos pequenos como este precisam ser combatidas com explicações claras e firmes, coisa que não aconteceu.
Nota do editor (incorporada às 17h13)
Como o leitor pode perceber, no quesito número 5 desta análise, ponderamos a respeito do que julgamos ter sido mais um equívoco da estratégia de marketing do PMDB. Em nenhum momento tivemos a intenção – e nem o fizemos – de lançar dúvidas sobre a legitimidade do problema físico envolvendo a candidata. O que buscamos abordar foi que, no nosso ponto de vista, o marketing deveria ter percebido as especulações (foi assim que tratamos, como pode ser observado) criadas no boca a boca (assim como em redes sociais e até em blogs) a respeito do assunto. Conforme ponderado, “numa campanha renhida, especulações de assuntos pequenos como este precisam ser combatidas com explicações claras e firmes”. Em suma, a análise nunca foi sobre a condição física da candidata, mas sobre a ação do marketing de campanha. Se, de alguma forma, o trecho não foi claro nesse sentido, ficam as nossas desculpas. Fazemos jornalismo com seriedade, nunca mirando em pessoas. Por isso mesmo um jornalismo sem medos.
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PS: A postagem ficou extensa para podermos encerrar o tema e partir para outras análises. Vamos comentar, ainda, as campanhas dos demais prefeitáveis. Inclusive analisando erros na campanha do candidato vitorioso.
Diante da desvantagem da então candidata Tatiana Medeiros nas pesquisas, seu marketing resolveu apostar em mais uma estratégia arriscada: o emocionalismo, o uso da emoção levada a extremos.
O mais explícito uso desse recurso se deu nas histórias de doentes que teriam sido tratados pela candidata-médica. Utilizar esses depoimentos era uma idéia válida e inteligente, mas que foi empregada de forma extravagante e indevida, com um tom quase milagroso. Isso pode “fisgar” alguns eleitores, mas também cria rejeição em muitos.
2. Mãe só tem uma
Outro exagero foi a história de tentar trabalhar a concorrente como “mãe de Campina”. Além de a candidata não passar essa imagem de “mãezona” do povo, mãe é uma figura praticamente sagrada para quase todo mundo, razão pela qual esse tipo de comparação tende mais a desagradar que a envolver.
3. Religião e política: mistura bombástica
Ao repercutir insistentemente uma malfadada ação de advogados da coligação adversária contra uma denominação evangélica da cidade, o marketing do PMDB esqueceu um detalhe: a regra de procurar saber se essa “bomba” não podia provocar respostas com efeitos colaterais. Não deu outra. O rebate do marketing do PSDB denunciou que a prefeitura mantém várias ações demolitórias contra igrejas.
Além disso, a condenação veemente do juiz da 16ª zona à exploração desse tipo de temática foi um emblema do quanto é controverso o benefício de tal recurso. “Não tenho dúvida de que tal postura violenta a consciência do eleitor, fomentando, repita-se, o preconceito religioso”, afirmou o juiz Cláudio Antônio de Carvalho Xavier,
4. Bônus, sim, ônus não
No guia, o prefeito Veneziano afirmou que votar em Tatiana era o mesmo que votar nele. A candidata encarnou o governo do correligionário, apresentando-se como o nome de continuação do modelo implantado pelo prefeito. Beneficiou-se amplamente com os bônus de uma candidatura governista.
Mas, ao ser interpelada sobre problemas dessa mesma gestão, durante debates, saiu-se com uma evasiva infeliz, afirmando que não podia responder pelo prefeito. Uma contradição tão grande que mesmo o eleitor mais humilde pôde perceber.
5. Muletas
O PMDB precisava ter percebido que, embora no guia os adversários não explorassem o assunto, nas ruas (assim como nas redes sociais), havia muita especulação em torno da limitação física imposta à candidata por um acidente que a forçou, segundo foi explicado, a usar muletas durante praticamente toda a campanha.
A conversa do boca a boca tratava de lançar dúvidas sobre a gravidade do problema, que seria, na versão de alguns críticos mais vorazes, uma justificativa para manter-se longe do contato corpo a corpo das ruas. A desconfiança foi aumentada justamente pelo longo período e até pela posição em que a prefeitável aparecia sentada (pernas cruzadas) no guia.
Numa campanha renhida, especulações de assuntos pequenos como este precisam ser combatidas com explicações claras e firmes, coisa que não aconteceu.
Nota do editor (incorporada às 17h13)
Como o leitor pode perceber, no quesito número 5 desta análise, ponderamos a respeito do que julgamos ter sido mais um equívoco da estratégia de marketing do PMDB. Em nenhum momento tivemos a intenção – e nem o fizemos – de lançar dúvidas sobre a legitimidade do problema físico envolvendo a candidata. O que buscamos abordar foi que, no nosso ponto de vista, o marketing deveria ter percebido as especulações (foi assim que tratamos, como pode ser observado) criadas no boca a boca (assim como em redes sociais e até em blogs) a respeito do assunto. Conforme ponderado, “numa campanha renhida, especulações de assuntos pequenos como este precisam ser combatidas com explicações claras e firmes”. Em suma, a análise nunca foi sobre a condição física da candidata, mas sobre a ação do marketing de campanha. Se, de alguma forma, o trecho não foi claro nesse sentido, ficam as nossas desculpas. Fazemos jornalismo com seriedade, nunca mirando em pessoas. Por isso mesmo um jornalismo sem medos.
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PS: A postagem ficou extensa para podermos encerrar o tema e partir para outras análises. Vamos comentar, ainda, as campanhas dos demais prefeitáveis. Inclusive analisando erros na campanha do candidato vitorioso.
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