Nas mãos de Romero, a oportunidade de dois gestos simples de expressivo simbolismo republicano

Nossos representantes, sobretudo aqueles que ocupam cargos executivos, deveriam ter a percepção do papel histórico que representam. Ao tomar posse no dia 01 de janeiro, o prefeito eleito de Campina Grande, Romero Rodrigues, poderá, se quiser, ter dois gestos singelos, mas simbolicamente (e republicanamente) expressivos.

O primeiro deles é por fim a uma excrescência que se choca com os princípios republicanos e a devida impessoalidade da coisa pública: o retrógrado uso do retrato oficial em repartições públicas. Essa prática, injustificada nos tempos em que vivemos, faz lembrar a célebre frase do “Rei-Sol”, Luís XIV, da França: “O Estado sou eu”.

Chega a ser impressionante que o personalismo do retrato oficial ainda esteja plenamente em voga no Brasil, como um culto ao gestor público, e sem gerar maiores discussões.

Ao assumir o Governo da Paraíba, Ricardo Coutinho aboliu essa excrescência, trocando a sua foto por um quadro com imagens dos paraibanos. Seria de bom tom que Campina Grande, cidade pioneira, também desse fim a essa prática ultrapassada e indesejável, divorciada dos ideais republicanos. 

Outro gesto seria determinar a reposição de placas de obras públicas removidas, sobretudo, nos últimos oito anos. Nem se trata de reconhecer a paternidade das obras, porque, a despeito de ser justo e devido o crédito ao gestor que as executou, a paternidade realmente é do povo, que, afinal de contas, foi quem bancou tudo.

É, na verdade, um reparo histórico, porque as placas são documentos, registros do processo de desenvolvimento da cidade. Removê-las é um gesto grosseiro, de profundo egocentrismo, uma tentativa de apagar o passado e deixar um registro falso para o futuro através de placas novas, como se a cidade tivesse passado a existir agora.

A História de Campina Grande agradeceria o reparo dessas absurdas distorções. São gestos simples, mas possíveis somente a governantes que entendem o papel histórico que representam.

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