De Elpídio de Almeida a Veneziano Vital, campinenses já elegeram 15 prefeitos pelo voto direto

O primeiro prefeito eleito pelo voto direto dos campinenses foi Elpídio Josué de Almeida, em 1947. Até então, a cidade havia sido governada primeiro pelo chamado Conselho de Intendência e, a seguir, por prefeitos nomeados. A organização dos municípios com formação dos poderes executivo e legislativo por meio de eleições diretas foi estabelecida na Constituição estadual promulgada em junho daquele ano. Desde então, de 1947 a 2008, o eleitor campinense pode escolher quinze vezes o seu prefeito.

A primeira eleição contou com dois candidatos. O médico Elpídio de Almeida, enfrentou Veneziano Vital do Rêgo, cunhado do ex-governador Argemiro de Figueiredo e avô do atual prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo Segundo Neto. Chefe da UDN, Argemiro resolveu apostar em uma solução caseira para a disputa. Da insatisfação com a decisão de Argemiro veio a facção, e a candidatura do médico. O pleito, realizado em 12 de outubro, teve como resultado: Elpídio de Almeida (PSD/PDC) - 8.142 votos; Veneziano Vital do Rêgo, (UDN) 6.456 votos. O vice-prefeito também era eleito pelo voto direto e o aliado de Elpídio venceu. Antônio Rodenbusch (PSD/PDC) - 8.006 votos; José de Brito Lira (UDN) - 6.495 votos.

Quatro anos depois, o eleito foi Plínio Lemos que, contando com o apoio do prefeito, conseguiu derrotar o poderoso Argemiro de Figueiredo, o qual, após a derrota do cunhado em 1947 e de perder a eleição para o Governo do Estado em 1950, derrotado por José Américo de Almeida, resolveu conferir a dimensão do seu prestígio em Campina, saindo candidato. O então vice-prefeito, Antônio Rodenbusch, também entrou na disputa. A eleição aconteceu no dia 12 de agosto. Resultado: Plínio Lemos (PL/PSD) -13.909 votos; Argemiro de Figueiredo (UDN) - 11.124 votos; Antonio Rodenbusch (PR) – 225 votos. Para o cargo de vice-prefeito, venceu o aliado de Plínio. Lafayette Cavalcante (PL-PSD) teve 13.820 votos, contra 10.926 de Severino Cruz (UDN) e 194 de Alberto de Sousa (PR).

Em 1955, Elpídio de Almeida, rompido com Plínio Lemos, voltou a disputar a prefeitura de Campina Grande, enfrentando Severino Cabral, que era apoiado por Plínio. Resultado do pleito, realizado em 03 de outubro: Elpidio Almeida venceu, com 13.481 votos, enquanto Severino Cabral somou 11.527. Já a eleição para vice-prefeito teve a vitória de Severino Cruz, aliado de Elpídio, com 13.456 votos; Bonald Filho obteve 11.390.

Severino Cabral não se deixou abalar pela derrota e voltou à refrega quatro anos depois, tendo como adversário o banqueiro Newton Rique. E o “Pé de Chumbo” acabou levando a melhor. A eleição aconteceu no dia 02 de agosto de 1959. Resultado: Cabral (PSD) - 16.483 votos; Rique (PTB) - 14.767 votos. Mais uma vez, o vice-prefeito foi eleito pela votação direta: Bonald Filho (PTB), agora adversário de Cabral, somou 15.146 votos, e Lúcio Rabelo (PSD), 15.090. O prefeito teria um vice de oposição.

Ditadura militar cassa Newton Rique e Ronaldo


Assim como o “Pé de Chumbo” não havia se deixado abalar pela derrota de 1955 e acabou eleito em 1959, Newton Rique, superando o amargor de ter perdido a acirrada disputa de 59, concorreu e venceu, até com certa folga, nas eleições de 11 de agosto de 1963, quando teve como oponente Langstein Almeida. Newton somou 20.383 votos (70,68%), contra 8.455 de Langstein. Williams Arruda, aliado do prefeito eleito, conquistou a vaga de vice, com 19.162 sufrágios, contra 7.115 de Newton Lelis.

Empossado no dia 30 de novembro do mesmo ano, Newton governou Campina Grande apenas até 15 de junho do ano seguinte, quando foi cassado pela Ditadura Militar instalada em março. O vice, William Arruda, foi impedido de assumir, ficando a prefeitura a cargo do vereador João Jerônimo da Costa. Em 30 de novembro, William Arruda, por decisão da justiça, assumiu o cargo, nele ficando até 31 de Janeiro de 1969, quando passou o comando para o novo prefeito eleito, Ronaldo Cunha Lima.

A vitória de Ronaldo aconteceu dentro de um novo formato de disputa. Passavam a existir apenas dois partidos: a Arena, que representava o poder constituído (os militares), e o MDB, em nome da oposição. Além do bipartidarismo, havia a sublegenda, pela qual cada partido lançava até três candidatos; ao fim, somava-se os sufrágios e o candidato mais votado do partido com maior votação era o eleito. A Arena I tinha, encabeçada por Severino Cabral (o vice era Raymundo Asfora), obteve 17.568 votos; A Arena II, com Plínio Lemos, somou 635; E a Arena III, com Stênio Lopes, 241. Votação total da Arena: 18.444 votos. O MDB I, com Ronaldo Cunha Lima, teve 13.429 sufrágios; O MDB II, com Osmar Aquino, 312 votos; E o MDB III, com Antônio Vital do Rêgo, 8.415. Votação total do MDB: 22.156 votos.

Em 14 de março de 1969, Ronaldo teve os seus direitos políticos cassados e deixou a prefeitura. Em seu lugar, assumiu o vice, Orlando Almeida, que ficou no cargo somente até 14 de maio do mesmo ano, quando foi afastado e substituído pelo interventor federal Manoel Paz de Lima. O militar comandou o executivo municipal até 15 de julho do ano seguinte, quando renunciou. Após sua saída, foi nomeado interventor em Campina Luiz Motta Filho, que permaneceu no cargo até 31 de janeiro de 1973, quando assumiu, mais uma vez, um prefeito eleito, Evaldo Cruz, eleito no ano anterior.

Na eleição, apenas três candidatos concorreram. Tamanha era a força da Arena e a ameaça dos militares, que o MDB lançou somente um candidato, apenas para marcar terreno. A verdadeira disputa aconteceu dentro da Arena, que teve dois postulantes. Evaldo Cruz (Arena I) somou 20.468 sufrágios, vencendo Juracy Palhano (Arena II), que somou 19.533. O candidato do MDB, Nestor Alves de Melo Filho. Obteve 2.150 sufrágios.

O partido do regime manteria o poder na eleição seguinte, 1976, elegendo Enivaldo Ribeiro. O resultado do pleito, disputado em 15 de novembro, foi o seguinte: Enivaldo Ribeiro (Arena I) - 19.972 votos; Juracy Palhano (Arena II) - 9.895; Ermírio Leite Filho (Arena III) - 748 votos. O partido somou, ao todo, 30.615 sufrágios. O MDB teve apenas duas sublegendas. A primeira, com Ivandro Cunha Lima, alcançou 15.563 votos; o MDB II, com Orlando Almeida, 10.798 votos. Total de votos do MDB: 26.361.


Ronaldo volta nos braços do povo

Já em 1982, ao invés da Arena, o partido ligado aos militares era o PDS. A sublegenda foi mantida, mas acabou o bipartidarismo, o MDB passou a ser PMDB e o PT teve seu primeiro postulante à prefeitura municipal. Ronaldo Cunha Lima, do PMDB I, somou 40.679 votos, enquanto as duas outras sublegendas do partido registraram resultados insignificantes: Manuel Barbosa (PMDB II), 65 votos; Hermano (PMDB III), 12 votos. O PDS I, de Antônio Vital do Rêgo, fez 28.625 votos; o PDS II, de Moisés Lyra Braga, 2.067; e o PDS III, de Geraldo de Magela Barros, 191. Total do PMDB: 40.756 sufrágios; Total do PDS: 30.883. PT, com Edgar Malagodi, 571 votos.

Na eleição seguinte, 1988, aproveitando-se das chamadas “Disposições Transitórias” da Constituição promulgada naquele ano, Ronaldo conseguiu eleger o filho, Cássio, como seu sucessor. Cássio, então no PMDB, teve 53.720 votos, contra 41.766 de Enivaldo Ribeiro (PDS), 4.434 de Jairo Oliveira (PT), 2.070 de Edvaldo do Ó (PTR), e 577 de Williams de Sousa Arruda (PDT).

Em 1992, com apoio da família Cunha Lima, Félix Araújo Filho (PMDB) venceu, com 55.493 votos, contra 45.397 de Enivaldo Ribeiro (PDT), 9.692 de Álvaro Neto (PFL), 5.468 do hoje vereador Antônio Pereira (à época no PT), 3.932 de Damião Feliciano (então no PTB) e 583 de David Lobão (do extinto PFS). O ano de 1996 marcaria a volta de Cássio, que alcançou 72.185 sufrágios, contra 64.074 de Enivaldo (PPB), 12.527 de Edgar Malagodi (PT) e 653 de Raimundo Braga, do PTB. Instituída, em 1998, a norma da reeleição, Cássio dela se valeu e, no ano 2000, em nova disputa contra Enivaldo Ribeiro (a terceira), massacrou o adversário: 122.718 sufrágios, contra 36.727. A eleição teve apenas três candidatos.Vitalzinho, então no PDT, somou 12.538 votos.

A supremacia do grupo Cunha Lima acabaria em 2004. Rômulo Gouveia, apoiado por Cássio e Ronaldo (já no PSDB), chegou a vencer o primeiro turno, com 89.730 votos, contra 82.917 de Veneziano Vital do Rêgo. A então prefeita Cozete Barbosa (PT) conseguiu apenas 18.798 sufrágios. A disputa ainda teve mais dois candidatos: Lídia Moura (PSB), com 3.380 votos, e o Doutor Araújo, do PMN, com 1.387. No segundo turno, porém, Veneziano reverteu a vantagem do adversário, vencendo por apenas 791 votos, 101.900 a 101.109, o bastante para encerrar um domínio de mais de duas décadas.

Quatro anos depois, Rômulo tentaria a revanche, mas Veneziano acabaria reeleito. No primeiro turno, o prefeito somou 106.844 votos, contra 104.449 do tucano, 5.516 de Érico Feitosa (PHS) e 1.793 de Sizenando Leal (PSOL). No segundo, o resultado foi 116.222 votos a favor de Veneziano, contra 109.343 de Rômulo.

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Matéria nossa publicada no Diário da Borborema de 04 de setembro de 2011

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