Opinião: O governo Veneziano e sua intolerância à crítica

O jornalista Arimatea Souza, do Jornal da Paraíba, publicou hoje em sua coluna carta do secretário de Obras do Município, Alex Azevedo, em resposta às ponderações do colunista a respeito da assinatura da Ordem de Serviço para construção do Centro Administrativo. Seria nada mais que um natural exercício do contraditório, não fosse o tom ardido, irritadiço e pessoal das respostas.

Não vem ao caso analisar o mérito da discussão, e nem mesmo o papel do secretário no ocorrido. O que interessa aqui é a postura do governo, da gestão Veneziano. Como subalterno do prefeito, Alex não agiu à revelia deste, e a rudeza da resposta a Arimatea entra na conta de uma série de gestos de intolerância à crítica, comuns no atual governo municipal.

O prefeito Veneziano Vital do Rêgo é profundamente infenso às críticas. Isso seria normal, porque ninguém gosta de ser criticado. No entanto, quem se dispõe à vida pública, sobretudo disputando e exercendo cargos eletivos, precisa saber suportá-las. Não é uma opção, mas um dever, uma regra de conduta.

O prefeito e seu staff, claro, têm todo o direito do mundo a rebater comentários que julguem injustos, mas dentro da medida que o cargo exige.

O governo Veneziano, sobretudo no segundo mandato, raramente foi criticado pela mídia. Não convém, agora, discutir as razões. Mas, nas poucas vezes em que algo desagradou ao núcleo governista, a resposta sempre veio de maneira exageradamente áspera, atingindo um tom intimidatório e desqualificando os interlocutores.

Não importa se Vitalzinho tinha ou não razão contra a Campina FM em 2008. Não importa se Veneziano tinha ou não razão contra a TV Paraíba em 2010, contra o radialista Fabiano Gomes mais recentemente, ou se seu subordinado tinha ou não razão contra Arimatea agora. Não importa se o prefeito tem ou não razão quando perde a paciência com críticos nas redes sociais.

O que realmente importa é que homens públicos, investidos em cargos públicos, precisam se portar à altura do cargo que exercem, reconhecendo o “ônus” da democracia (a crítica, até a crítica injusta). Homens públicos, investidos em cargos públicos, precisam se comportar com temperança, porque não pode haver mais espaço para autoritarismos nos tempos em que vivemos.

O jovem cabeludo de 2004 termina seu segundo mandato deixando grafado na história uma postura de intolerância, repetida por auxiliares de todos os escalões. E o pior é que ainda há quem aplauda. E o pior é que ainda predomina o silêncio.

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