Reportagem: Eleições 2012 registram recorde de candidatos a prefeito em Campina Grande

Após idas e vindas, desistência de inúmeros pré-candidatos e a liberação pela Justiça Eleitoral, em primeira e segunda instâncias, da candidatura do petista Alexandre Almeida, o pleito de 2012 registra, em Campina Grande, a repetição do recorde histórico de candidatos nas eleições para prefeito da cidade. Assim como em 1982, são sete os concorrentes. Além de Alexandre, estão na disputa Sizenando Leal (PSOL), Artur Bolinha (PTB), Romero Rodrigues (PSDB), Daniella Ribeiro (PP), Tatiana Medeiros (PMDB) e Guilherme Almeida (PSC).

A diferença, contudo, é que nas eleições de trinta anos atrás, ainda vigorava (pela última vez) o sistema de sublegenda, que permitia que cada partido lançasse até três candidatos. Exatamente o que fizeram o PMDB e o PDS.

Como o bipartidarismo havia caído, o então recém-nascido Partido dos Trabalhadores lançou um concorrente, totalizando sete postulantes na disputa que seria vencida por Ronaldo Cunha Lima. De 1982 para cá, foram cinco candidatos em 1988; seis em 1992; quatro em 1996; três no ano 2000; cinco no pleito de 2004; e, finalmente, quatro em 2008. Antes do surgimento da sublegenda (que vigorou em quatro pleitos: 1968, 1972, 1976 e 1982), apenas uma eleição municipal registrou mais de dois candidatos – foram três em 1951.

Em 1947, 1955, 1959 e 1963 havia, sempre, dois concorrentes. Ao todo, os campinenses decidiram, pelo voto direto, quinze eleições, de 1947 a 2008. Foram quinze eleições e dez prefeitos diferentes.

O recordista de mandatos é o atual senador Cássio Cunha Lima (PSDB). Ele venceu os pleitos de 1988 (sucedendo o pai, sob a permissão das resoluções transitório da Constituição), 1996 e 2000. Outros três conquistaram a disputa duas vezes: Elpídio de Almeida (1947 e 1955); Ronaldo Cunha Lima (1968 e 1982); Veneziano Vital do Rêgo (2004 e 2008). A lista se completa com os detentores de um único mandato: Plínio Lemos (1951); Severino Cabral (1959); Newton Rique (1963); Evaldo Cruz (1972); Enivaldo Ribeiro (1976); e Félix Araújo Filho (1992).

Em 1947, na primeira disputa aberta e direta, Elpídio de Almeida venceu Veneziano Vital do Rêgo, avô do atual prefeito de Campina Grande. Newton Rique e Ronaldo Cunha Lima (no primeiro mandato) foram cassados por atos institucionais da Ditadura Militar.

Pais, filhos e os campeões de disputas

Posse de Cássio - Reprodução Retalhos Históricos de CG
O único caso em que um pai e um filho foram eleitos prefeitos de Campina Grande foi o de Ronaldo Cunha Lima e Cássio. Houve, ainda, o caso indireto de Orlando Almeida, que assumiu, como vice, após a cassação de Ronaldo. Orlando era filho de Elpídio de Almeida, mas acabou também afastado pelos militares. Nesse sentido familiar, a eleição de Veneziano em 2004 foi uma espécie de redenção do clã Vital do Rêgo, que havia tentado quatro vezes, sem sucesso, chegar à Prefeitura.

Primeiro foi a derrota do avô do atual prefeito, o “major” Veneziano, em 1947. Antônio Vital do Rêgo, pai do atual prefeito, concorreu em 68 e 82. E, no ano 2000, o hoje senador Vital do Rêgo, irmão de Veneziano, ficou em terceiro.

O campeão de participações nas disputas municipais é Enivaldo Ribeiro, hoje presidente do PP estadual. Enivaldo se elegeu em 1976. Depois, concorreu nos pleitos de 1988, 1992, 1996 e 2000. Foi três vezes derrotado por Cássio Cunha Lima e uma por Félix Araújo Filho (92). Ao todo, Enivaldo disputou a prefeitura cinco vezes. Severino Cabral, que foi eleito em 1959, disputou três vezes o executivo municipal.

Além do pleito em que saiu vencedor, Cabral concorreu e perdeu em 1955 e 1968. O fato curioso é que, na verdade, o chamado “Pé de Chumbo” foi o mais votado em 68, somando 17.568 sufrágios, contra 13.429 do eleito, Ronaldo. Cabral perdeu porque, pelo sistema de sublegenda então vigente, o eleito era o candidato mais votado da legenda que somasse mais votos. Os três candidatos da Arena, partido de Severino Cabral, somaram, juntos, 18.444 votos. Já o trio do MDB, legenda de Ronaldo, totalizou 22.156 sufrágios.

Mulheres concorrem em Campina pela segunda vez

Existe um fato curioso em relação à presença feminina nas disputas pela Prefeitura de Campina Grande. A cidade foi comandada por uma mulher apenas uma vez, entre 2002 e 2004, com Cozete Barbosa (então no PT), que, na condição de vice, assumiu após a renúncia de Cássio, que se elegeria governador. Mas, a primeira participação de mulheres nas eleições majoritárias municipais ocorreria apenas em 2004, quando, além da própria Cozete, esteve na disputa a jornalista Lídia Moura, candidata pelo PSB – as duas, por sinal são cunhadas. Campina, portanto, teve uma mulher prefeita antes de ter uma mulher candidata a prefeita.

Este ano, durante a pré-campanha, houve indícios de que o recorde de participação feminina nas disputas majoritárias da Rainha da Borborema seria quebrado. Mas, no período das convenções, Marlene Alves, reitora da Universidade Estadual da Paraíba, pré-candidata pelo PC do B, acabou desistindo de concorrer. Mas, pela primeira vez na História da cidade há duas mulheres entre os candidatos considerados de ponta.

Uma delas é a atual deputada estadual Daniella Ribeiro (PP), que ficou com a missão de substituir o pai, Enivaldo Ribeiro, na política estadual. Daniella foi candidata a vice na chapa encabeçada por Rômulo Gouveia, hoje vice-governador, em 2004. Atualmente, a pepista exerce o segundo mandato – o primeiro foi conquistado em 2008, quando se elegeu vereadora. 

Também está na corrida pelo Palácio do Bispo a médica e ex-secretária municipal Tatiana Medeiros, do PMDB. Tatiana nunca ocupou um cargo eletivo. Só disputou uma eleição, para a Assembleia Legislativa, em 2010, e não teve sucesso.

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Matéria nossa publicada no jornal A União deste domingo, 02
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