Ronaldo: Trinta anos depois, uma nova volta a Campina e uma última despedida

Festa no retorno em 1982. Imagem:
Reprodução Retalhos Históricos de Campina Grande
Após ser cassado pela Ditadura Militar em 1969, antes de completar dois meses à frente da prefeitura, Ronaldo retirou-se para o Sudeste do país, onde sustentou a família exercendo um dos seus inúmeros talentos, o direito. Voltaria a Campina Grande treze anos depois, atendendo à convocação de amigos para disputar mais uma eleição.

A volta aconteceu em 1982, nos braços do povo, que devolveu Ronaldo ao cargo que o regime de exceção havia, arbitrariamente, lhe tomado. O retorno a Campina Grande, cidade que o adotou e à qual devotou publicamente seu amor em prosa e versos, aconteceu justamente no dia 18 de março, quanto o político completava 46 anos.

A chegada apoteótica à cidade foi transformada no pontapé oficial da campanha vitoriosa. Vindo de João Pessoa, o então ex-prefeito foi recebido na entrada de Campina Grande por centenas de amigos e correligionários, seguindo em carreata por várias ruas até o teatro Severino Cabral, onde deveria ocorrer a convenção que homologaria a candidatura. A casa de espetáculos acabou sendo vetada, mas a festa prosseguiu na área ao lado do teatro. Dezenas de autoridades se reuniram naquele dia para aclamar Ronaldo candidato a prefeito.

Trinta anos depois daquele 18 de março, após meses de ausência, o poeta retornou a Campina Grande no último sábado. Mais uma vez vindo de João Pessoa, foi novamente recebido ainda na entrada da cidade. Desta vez, o destino foi o Parque do Povo, que não existia em 1982. O complexo do forró foi inaugurado por Ronaldo em 1986, para ser o palco do Maior São João do Mundo, marca também criada naquela gestão. Neste sábado, Ronaldo foi direto para a Pirâmide. Mais uma vez, dezenas de autoridades ladeavam o poeta.

Mas, ao contrário do que acontecera há trinta anos, desta vez não houve festa. Desta vez não houve o discurso inflamado e inflamável do poeta das multidões e político das massas. Desta vez não houve os gestos veementes e o alarido empolgado de um público que há trinta anos vibrava no calor de um discurso apaixonado. Havia silêncio perante o silêncio.

Desta vez, ao invés do concurso maciço do apoio popular que conduziria Ronaldo à prefeitura, houve a solidariedade na condução do corpo sem vida ao Monte Santo para o último adeus. E, repousando no Monte Santo, Ronaldo Cunha Lima agora será parte, eternamente, da terra que tantas vezes declarou amar.

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