O VELHO PREGA O NOVO

Numa carta redigida com gritante desleixo ortográfico, sinal de pressa, os presidentes estaduais do Partido Progressista, Partido dos Trabalhadores e Partido Social Cristão, respectivamente Enivaldo Ribeiro, Rodrigo Soares e Marcondes Gadelha, firmaram uma posição conjunta para as eleições de outubro. Condenando a postura do PSB, considerada autoritária, “nos moldes de regimes ditatoriais que faziam valer suas vontades pelo uso da força”, os três anunciaram a formação de “um novo bloco político”. “Estamos partilhando nossas experiências e os melhores propósitos para apresentar um projeto que promova as transformações que a Paraíba tanto precisa”.

O “novo bloco”, segundo a carta, entende “que a renovação é necessária” e “que é possível construir um novo o protagonismo”. No fim do documento, “os partidos signatários se dispõem a manter uma interlocução e diálogo permanentes, elaborar um projeto comum a ser discutido com a sociedade e definir alternativas eleitorais”. As implicações políticas e partidárias da formação deste bloco e a efetividade prática da sua existência ainda são incertas. Mas, convém analisarmos o discurso expresso na carta. Em resumo, a tônica é o batido contraponto do novo contra o velho e a premissa dos “superiores interesses do povo paraibano”, teoria política de tempos de eleição.

Por ser um caso a parte, ignoremos, por ora, o PT, e foquemos nas outras duas siglas que apregoam “o novo”. Na prática, PP e PSC representam o mais velho modelo de política, controlados com mão de ferro por grupos familiares antiqüíssimos, cujos membros sempre orbitaram em volta do poder, com posições totalmente instáveis. O PP foi governista nas últimas gestões estaduais, e só não o é agora porque teve os interesses contrariados no processo pré-eleitoral de 2010. O PSC segue, ao pé da letra, a cartilha do ex-senador Marcondes Gadelha, que comanda a sigla como se estivéssemos na república velha. E, ainda assim, apregoam “que a renovação é necessária”. E como é!

Independência

Do pré-candidato a prefeito Artur Bolinha (PTB), sobre a desconfiança quanto a sua posição política: “Não dependo da política para viver. Tenho independência, altivez, consciência cidadã e me sinto absolutamente independente para dizer o que penso”.

Sem ligações

Artur, que coordenou a campanha a prefeito de Rômulo Gouveia em 2004, nega que mantenha vínculos políticos com o atual vice-governador. “Fui perguntado certa vez se conversei com Rômulo para saber o que ele achava da minha candidatura. Eu disse que não, porque quando Rômulo foi candidato nunca me perguntou se podia ser”, ironizou.

Tendência

Apesar do desejo de alguns democratas campinenses, que preferiam ver o partido se alinhando com um candidato de terceira via, a direção estadual da legenda vai mesmo renovar a parceria com o PSDB, apoiando o deputado federal Romero Rodrigues.

Indefinido

Diante da confusão no cenário estadual, o PPS de Campina Grande ainda não tem uma posição pré-definida para as eleições majoritárias. A informação foi confirmada pelo presidente local da sigla, Laerte Mello. Segundo ele, no momento o foco está na disputa proporcional, contando com 36 pré-candidatos e estudando a composição das alianças.

Números

No pleito de 2008, o PPS teve 11 candidatos a vereador, que juntos somaram 5.775 votos. Mas, o partido perdeu Saulo Noronha, agora no DEM, que obteve 2.192 sufrágios.

Militância

Segundo a assessoria do PT/CG, o partido tem, hoje, quase 4 mil filiados na cidade. Até outubro, foram registradas “mais de 200 filiações das mais variadas lideranças sociais”.

Longe

Dia destes, certo dirigente partidário, ao escolher o local para o evento de apresentação dos pré-candidatos a vereador e prefeito, teria buscado uma área “não muito acessível”.

Economia

A correligionários e assessores, o dirigente teria justificado a opção alegando que um local de fácil acesso favorece os sempre famintos penetras, inflacionando a conta do regabofe.

Publicado no DB de hoje

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