VALORES INVERTIDOS



O comportamento do delegado Rodrigo Pinheiro na última quarta-feira, quando, de arma na cintura, xingou, agrediu e ameaçou profissionais da imprensa, não pode ser tomado como um fato isolado. O gesto, lamentável e repudiável, revela traços de uma cultura nefasta reinante em todo o território nacional. Trata-se do entendimento de que o servidor público, que tem por missão servir à sociedade, é, na verdade, alguém que está acima dos outros cidadãos “comuns” – e mesmo acima das leis. O delegado, que deveria primar pela observância da legalidade, incorreu numa série de atos ilegais diante das câmeras de televisão, seguro de que sua postura não teria conseqüência alguma.

Esse é o comportamento freqüente também entre agentes públicos que exercem cargos eletivos. Embora sejam servidores, e servidores eleitos, que deveriam, portanto, carregar o povo num andor, parlamentares e chefes do poder executivo exigem ser tratados com todo o salamaleque e se valem da função que exercem mais para serem servidos, honrados, bajulados e cultuados. Enquanto isso, o povo que os elege treme e gagueja ante dos eleitos, que, passadas as eleições (único momento em que se misturam com o povo e alardeiam ser “do povo”), desfilam altivos e soberanos, como se ainda estivéssemos no Brasil imperial, em que a plebe curvava-se à realeza e à nobreza.

Nosso país precisa de uma reformulação drástica de conceitos. O respeito à formalidade de um cargo não pode ser confundido com relação de soberania e subserviência. Da mesma forma, quem ocupa uma função pública tem que entender que sua obrigação é servir – e servir bem – à sociedade, zelar pelas normas e cumpri-las. Para que haja essa mudança, é necessário o amadurecimento republicano, numa renovação de concepções, o que só poderá acontecer com educação e desenvolvimento social. E é exatamente neste ponto que encontramos o entrave! Do jeito que está, servidores se locupletam da função e a sociedade reage como se isso fosse natural.

Porta em porta

Período de emendas é tempo de prefeitos e governadores fazerem périplo por Brasília. Ontem, o governador Ricardo Coutinho reuniu-se com os ministros Mendes Ribeiro (da Agricultura) e com Aldo Rebelo, que responde pela pasta dos Esportes.

Pedidos

Segundo o próprio governador, a Mendes Ribeiro foi solicitado o aumento da cota de exportação do açúcar paraibano para os EUA, além de patrulhas mecânicas. Já da conversa com Aldo Rabelo, Ricardo Coutinho saiu com a impressão que o ministro se mostrou sensível ao pleito da Paraíba de ser uma das sub-sedes da Copa do Mundo.

Reivindicação

Já o prefeito Veneziano Vital do Rêgo encontrou-se com o chefe de gabinete do Ministério das Cidades, Cássio Ramos Peixoto. Um dos pedidos apresentados foi de recursos para a complementação das obras de macro drenagem do Canal de Bodocongó.

Mais pedidos

Segundo informações da assessoria do prefeito, Veneziano também pediu a liberação de verbas para a complementação do programa “Habitar Brasil”, que atualmente está sendo executado no bairro do Pedregal. Na reunião do Ministério das Cidades, o peemedebista estava acompanhado do irmão, o senador Vital do Rêgo Filho, além de assessores.

Expectativa

A possibilidade de o PSDB não apoiar o PSB na Capital e do senador Cássio Cunha Lima subir no palanque de Cícero Lucena anima quem sonha com o apoio do governador.

Nomes

Os pré-candidatos a prefeito de Campina Grande que estão de olho nessa possibilidade são José Artur Almeida (PTB), Marlene Alves (PC do B) e Fernando Carvalho (PT do B).

Porta fechada

No caso de Fernando Carvalho, o azedume que vem tomando conta da sua relação com o prefeito Veneziano impede que o vereador ainda sonhe com alguma reaproximação.

De fora

Recentemente, Veneziano admitiu que, se nenhum nome do PMDB decolar, pode vir a apoiar um candidato de outro partido, e citou alguns. Mas, o PT do B não foi mencionado.

Publicado no DB de hoje

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