Se, como concordam muitos vereadores, a Lei Orçamentária debatida todos os anos não passa de uma mera peça de ficção, o que aconteceu ontem pela manhã na Câmara Municipal de Campina Grande foi um mal ensaiado espetáculo teatral, uma tragédia sub-shakespereana, na qual o vereador Antônio Pereira, presidente da Comissão de Finanças, Orçamento, Fiscalização e Controle, foi relegado a um papel que dificilmente atrairá novos candidatos no futuro. Afinal, após semanas de trabalho pesado, Pereira teve seu parecer contrário a algumas emendas reprovado por uma apertada maioria, com voto de minerva do presidente da sessão, Pimentel Filho.
Ao colocar o parecer de Antônio Pereira em votação, Pimentel Filho leu as ementas das emendas, fazendo ainda uma rápida justificativa, e o tom das suas ponderações foi interpretado por alguns dos seus pares como uma tentativa de jogar o presidente da Comissão de Finanças e Orçamento contra a opinião pública, além de pressionar o plenário a derrubar seu parecer. Pereira reclamou expressamente da postura do seu correligionário, mas Pimentel, novamente fazendo uso com mão de ferro dos poderes da presidência da sessão, seguiu fazendo a leitura das ementas. Em votação, o parecer da Comissão de Finanças acabou reprovado, para espanto de Pereira.
O problema em questão não está na reprovação do parecer, mas na nítida falta de substância para essa reprovação. Enquanto o parecer foi técnico, as ponderações em contrário mostraram-se mais respaldados em achismos e injunções pessoais e políticas – sem esquecer o fato de que estamos no fim de um ano pré-eleitoral, o que não é, certamente, apenas uma coincidência. A verdade cruel é que o trabalho da Comissão de Finanças e Orçamento foi desmoralizado pelos vereadores na sessão de ontem. Mais do que nunca, de agora em diante será possível afirmar que não apenas o Orçamento, mas a própria comissão responsável por ele, não passam de uma mera peça de ficção.
Ser ou não ser
O silencioso vereador Alcides Cavalcanti é membro da Comissão de Finanças, Orçamento, Fiscalização e Controle. Assim, assinou o parecer da comissão. Todavia, no decorrer da sessão, acabou votando contra o parecer que ele mesmo havia subscrito.
Sobre o lixo
O vereador João Dantas (PSD) comemorou ontem a determinação do presidente do Tribunal de Contas do Estado, conselheiro Fernando Catão, que suspendeu a licitação para o serviço de limpeza urbana do município, que estava prevista para acontecer no próximo dia 03. “Essa licitação do lixo é pútrida, malcheirosa e fétida”, definiu João.
Candidata
Se não houver algum impedimento de ordem jurídica, dificilmente a ex-prefeita Cozete Barbosa, atualmente no PSC, deixará de ser candidata a vereadora em 2012. O deputado estadual Guilherme Almeida confirma que conta com a candidatura de Cozete.
Disse Guilherme
“Cozete tem ainda muito vigor para ser colocado a favor da cidade. Além disso, ela precisa de uma tribuna, inclusive para prestar esclarecimentos e fazer colocações até sobre os equívocos que, por ventura, a sociedade acha que ela cometeu. Conheço o valor de Cozete e o partido se sente muito orgulhoso de tê-la em nossos quadros”.
Realocação
Algumas emendas à LOA 2012 aprovadas pelos vereadores retiram recursos das ações no turismo e publicidade institucional, destinando-os para obras e calçamento de ruas.
Resposta
O ex-deputado Gilbran Asfora comentou as declarações do gerente de comunicação da PMCG, jornalista Josué Cardoso, publicadas no Diário Político da última quarta-feira.
Lamento
“O amigo Josué Cardoso, na ânsia de mostrar serviço, por conta do seu ofício, ao invés de argumentar com dados, veio agredir. Lamento”, comentou Gilbran Asfora, ontem.
Sobre Asfora
Gilbran também falou sobre a comparação com o pai. “Quando Josué diz que há uma gigantesca diferença entre eu e meu pai, reconheço: Asfora não responderia a ele. Falta nível”.
Diário Político de sábado, 24 de dezembro
0 Comentários