O BURRO DO CAMPONÊS

Na sessão da última quarta-feira, o vereador Olímpio Oliveira (PMDB) tentava falar sobre o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), enquanto alguns dos seus pares ignoravam placidamente sua fala, conversando entre si. O vereador, então, narrou um pequeno conto sobre um camponês e seu burro. “Ele estava com esse burro no sol causticante do meio-dia, quando se aproxima outro camponês, que começa a se refrescar à sombra do burro. Aí, o dono do burro disse: ‘Você vai pagar porque está utilizando a sombra do meu burro’. O outro respondeu: ‘Eu não vou pagar, por que...”, e Olímpio foi interrompido por Pimentel Filho, que presidia a sessão e a duras penas tentava controlar o falatório paralelo em plenário.

“Silêncio para ouvirmos a historinha do burro do vereador Olímpio Oliveira!”, determinou. E o narrador concluiu: “Numa casa em que se dá mais importância à história de um burro do que à transformação do sistema de transporte público dessa cidade, eu simplesmente silencio. Muito obrigado”.

A conclusão deixou no ar um clima de certo constrangimento. O episódio e tantos outros acontecimentos só confirmam o que o Diário Político revelou em maio, quando denunciamos a retaliação à imprensa, impedida de acessar o plenário da Câmara, sob o frágil argumento de que a intenção era cortar as conversas paralelas naquele ambiente.

A retaliação, que segundo fontes seria uma resposta às críticas e cobranças de parte da imprensa (com destaque para o Diário da Borborema), estorvou parcialmente o trabalho dos jornalistas, mas, conforme previmos, nem o falatório paralelo parou nem o gesto intimidou a cobertura jornalística. Se o parlamento quer mesmo purgar seus males, inclusive a falta de educação e grosseira indiferença de alguns vereadores durante os trabalhos, que meta o dedo na ferida, ao invés de soprá-la.

Uma casa em que se dá mais importância à história de um burro do que à transformação da cidade ali representada não deve beneficiar-se com nosso silêncio complacente.

Reação

O presidente da Câmara Municipal de Campina Grande, Nelson Gomes Filho, confirmou ontem que os vereadores resolveram que não votarão nenhum projeto até que o Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos dos Servidores da Saúde chegue à Casa.

À espera

Nelson Gomes Filho explicou que não haverá trancamento total da pauta, já que matérias apresentadas pelos vereadores serão apreciadas. “Os trabalhos vão funcionar normalmente na Câmara. Vamos comparecer, discutir e votar requerimentos, só que nenhum projeto do executivo será votado até que o Plano da Saúde chegue”, contou.

Teatral

O presidente do Sintab, professor Napoleão Maracajá, criticou a demora no encaminhamento do PCCV à Câmara Municipal. “O plano foi assinado com todo o estardalhaço em 18 de outubro, Dia do Médico, somente para fazer teatro”, declarou.

Pressão

Napoleão Maracajá afirmou que tem o compromisso de Nelson Gomes Filho de que o projeto não será posto em votação sem que, antes, haja uma reunião com os servidores. De acordo com o sindicalista, o PCCV pouco beneficia algumas categorias de trabalhadores da Saúde e, por isso, o Sintab quer que os vereadores apresentem emendas.

O alvo

O vereador Pimentel Filho pediu que seus pares, ao usar a tribuna, “tenham respeito pelos outros”. A reclamação é dirigida a quem costuma extrapolar o tempo no discurso.

Chegando

Com a proximidade das eleições 2012, prováveis candidatos começam a aderir às mídias sociais. Outros, que estavam sumidos, vão voltando. Oportunismo real no mundo virtual.

Pobre

Para o jovem petista Lafayette Gadelha, que é pré-candidato a prefeito da Sousa, o atual prefeito e provável candidato à reeleição Fábio Tyrone (PTB) tem “aversão à pobreza”.

Lembrando

Na terça, Fábio Tyrone foi absolvido pelo TRE em ação impetrada pelo deputado André Gadelha, candidato derrotado pelo petebista em 2008 e que pedia a cassação do mandato.

Publicado no Diário da Borborema de 11 do 11

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