No deserto, qualquer copo d’água é manancial. Daí o motivo de tanta empolgação em torno da reunião da bancada federal paraibana, esta semana, em Brasília, que rendeu, além de uma foto com paisagem de paletós, o ensaio de um discurso de união em torno dos interesses do estado. Num clima de aparente cordialidade, o peemedebista Manoel Júnior foi escolhido para coordenar a bancada da Paraíba na Câmara dos Deputados, enquanto o tucano Cássio Cunha Lima, recém-empossado no Senado, fica com a incumbência de coordenar a bancada estadual na casa.
O ambiente era tão alvissareiro que Manoel Júnior, um dos mais extremados opositores do Governo do Estado (e, mais especificamente, da figura do governador Ricardo Coutinho) pregou o trabalho “em sintonia com o governo estadual e prefeituras para garantir que os recursos federais necessários aos projetos, programas e investimentos para o desenvolvimento da Paraíba tenham o maior volume possível”.
Quando Deus operou o milagre do bom senso nos congressistas tabajarinos? Sim, afinal, transformar água em vinho é moleza diante da dificuldade de transformar a mentalidade de uma bancada arengueira, que usa o cargo mais para potencializar as guerras políticas paroquiais que em prol dos interesses do estado. É preciso crer em milagres e louvar a postura dos nossos deputados, senadores e do governador. No entanto, não dá para se empolgar nem escrever que a Paraíba evoluiu, que a bancada federal tomou juízo, que agora ninguém nos segura.
É cedo demais. Sobretudo quando após a amistosa fotografia “ouve-se” falar em tentativas de inviabilizar administrações, em direcionamento de emendas conforme conveniências políticas e, ainda, em rasteiras de toda a sorte entre adversários. Enfim, a reunião da nossa ínclita bancada é um bom sinal, um gesto interessante, mas ainda não é hora de soltar fogos. Mesmo porque entre o riscar do fósforo e o pipocar do foguetão até o discurso de intenções pode mudar.
Juntos
Por falar em adversários políticos reunidos, ontem o prefeito Veneziano Vital do Rêgo, o deputado federal Romero Rodrigues e o deputado estadual Guilherme Almeida – estes dois pré-candidatos a prefeito – participaram de uma sessão especial na CMCG.
Endividados
A sessão especial discutiu o endividamento dos agricultores e produtores rurais de Campina Grande e região. Esse, aliás, é um tema de tal gravidade que os agricultores até criaram uma associação (Associação dos devedores do Banco do Nordeste) e mesmo vereadores de outras cidades, a exemplo de Serra Branca, tomaram parte na reunião.
Ricos e pobres
Comentando o endividamento que atormenta pequenos agricultores, o vereador Olímpio Oliveira, do PMDB, foi enfático. “Digo sempre neste parlamento que este país só tem solução para ricos. E eu sonho que um dia tenha solução para pobres também”.
Indiferença
Olímpio Oliveira lembrou que o Governo Federal se dispôs a ajudar a Grécia a sair da crise, mas se nega a socorrer agricultores “que têm apenas um pedaço de terra”. Já o vereador Pimentel Filho comentou: “O Governo Federal devia fazer com os produtores rurais o que faz com os bancos; além de perdoar a dívida, injetar mais dinheiro”.
Orçamento Democrático
O governador Ricardo Coutinho esteve ontem em Campina Grande empossando os novos Conselheiros do Orçamento Democrático Estadual da 3ª Região Administrativa.
Feirantes
Ricardo Coutinho ainda entregou os cheques do Empreender Paraíba aos feirantes que tiveram suas barracas destruídas durante incêndio ocorrido no início do mês, na feira central.
De onde vem
A onda de boatos sobre a deputada estadual Daniella Ribeiro (PP), dando conta de que ela estaria se reaproximando do governador Ricardo Coutinho, já têm origem conhecida.
O motivo
Os boatos estariam sendo patrocinados por um dos pré-candidatos do PMDB, para jogar uma pá de terra sobre a possibilidade de aliança entre Daniella e o prefeito Veneziano.
Publicado no DB de sábado, 26 do 11
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