OPINIÃO: A PLACA


Quando o Diário Político “sugeriu”, meses atrás, que a placa do Hospital de Trauma de Campina Grande registrasse que a obra foi iniciada no governo Cássio, continuada no governo Maranhão e concluída no governo Ricardo, nunca foi esperado, provavelmente, que essa “ideia”, de certa forma até irônica para os padrões políticos da Paraíba, também passasse pela mente de Ricardo Coutinho.

Mas, na cerimônia de ontem, eis que a placa descerrada por Cássio e Ricardo assim registrava: “Obra iniciada na gestão do governador Cássio Cunha Lima, inaugurada na gestão do governador José Maranhão e concluída e aberta na gestão do governador Ricardo Vieira Coutinho, em 2011”. Um gesto simples, singelo, é bem verdade, mas de grande eloqüência para os já mencionados baixos padrões da cultura política paraibana, em que um gestor trabalha para desconstruir a imagem do antecessor-adversário, inclusive encobrindo ou renegando a “paternidade” de obras importantes, caso do novo hospital de Traumas.

Assim o fez o próprio Maranhão, que, de fevereiro de 2009, quando assumiu, até 31/12/2010, quando, rechaçado nas urnas, deixou o governo após inaugurar o hospital (mesmo não estando pronto para funcionar) sempre procurou desmerecer a iniciativa do antecessor.

“Já estou bastante grandinho para discutir se a obra é de fulano, sicrano ou beltrano. Tenho mais coisas a fazer. É uma responsabilidade enorme dar resultados às necessidades da população. Por isso demos continuidade à obra, compramos mais equipamentos. E temos a obrigação e a civilidade de reconhecer que essa obra começou na gestão do ex-governador Cássio, que fez praticamente 80% da estrutura, teve continuidade na administração do ex-governador José Maranhão e teve concluída a parte física e comprados mais equipamentos agora”, afirmou Ricardo Coutinho.

De fato, é urgente despersonalizar as ações públicas, afinal de contas, quem fez realmente o novo hospital foi o povo paraibano, com o suor do seu rosto revertido em impostos.

Sentimento

O ex-governador Cássio Cunha Lima se disse emocionado por ver o hospital, projetado e iniciado em sua gestão, em funcionamento. O tucano lembrou que Dom Luiz Gonzaga Fernandes, que dá nome ao Trauma, pediu que ele “cuidasse dos mais pobres”.

Do povo

Sobre a “paternidade” do novo hospital, Cássio citou frase do pai, o também ex-governador Ronaldo Cunha Lima: “Obra pública não tem dono. Dono é o povo, que se beneficiará dela”. E disse mais. “Deixei o hospital praticamente concluído na parte física. Maranhão e Ricardo concluíram a obra e compraram os equipamentos. Mérito de todos”.

Ausência

Como já era esperado, o ex-governador José Maranhão acabou mesmo não indo à cerimônia no Trauma. Maranhão considerou o convite para o evento como uma espécie de provocação, já que, no seu entender, ele deixou o hospital pronto para funcionar.

Representado

Aliados de Maranhão, caso do deputado estadual Guilherme Almeida, partilharam do pensamento pequeno de que o convite seria uma espécie de provocação. Já o prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo, que também preferiu não comparecer à cerimônia, enviou um representante, seu secretário executivo Hermano Nepomuceno.

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Publicado no Diário da Borborema de hoje
Imagem: Simone Duarte / PB Agora

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