De uma hora para outra, os problemas de João Pessoa e os temas inerentes à prefeitura da Capital passaram a ocupar largo espaço na mídia campinense, enquanto as questões locais, notadamente os problemas que se relacionam à esfera de atuação da administração municipal, são relegadas a segundo plano ou mesmo ignoradas.
As considerações que o promotor Herbert Targino vem tecendo a respeito da saúde em Campina Grande são um forte exemplo dessa realidade. Com exceção de um ou outro portal, a avaliação de um respeitado promotor mal repercutiu em Campina Grande. O que estaria acontecendo?
Ainda sobre as considerações de Herbert, elas são a confirmação daquilo que cidadãos campinenses há muito denunciam, assim como o fazem entidades como o Sintab, que, na última semana, enviou nota à imprensa afirmando que falta até material de expediente nos postos de saúde de Campina Grande.
As inúmeras reclamações dos cidadãos, no entanto, são classificadas como ações de pessoas a serviço dos opositores da atual gestão; as críticas do Sintab, por sua vez, são tratadas como discurso político de Napoleão Maracajá, presidente da entidade.
E as avaliações do Ministério Público, o que são?
O documento a seguir foi publicado originalmente no blog de Cláudio Goes. Mas, não são palavras de Cláudio, e sim do promotor Herbert Targino:
Veja o documento:
"Há de se salientar que a Portaria nº1600 de 07/07/2011 do MS, reformula a Política Nacional de Atenção às Urgências e institui a Rede de Atenção às Urgências no Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo os PSFs nessa Rede, conforme se dimana do art.6º da citada Portaria do MS:
Art. 6º - O Componente Atenção Básica em Saúde tem por objetivo a ampliação do acesso, fortalecimento do vínculo e responsabilização e o primeiro cuidado às urgências e emergências, em ambiente adequado, até a transferência/ encaminhamento a outros pontos de atenção, quando necessário, com a implantação de acolhimento com avaliação de riscos e vulnerabilidades.
PSFs em Campina Grande
- Ausência de médicos nas Unidades, por inexistência ou não cumprimento da carga horária;
- Falta de salas de estabilização, salas de observação, em descumprimento a RDC 50, na maioria das Unidades;
- Falta de equipamentos mínimos de ressuscitação (apenas oxigênio em algumas unidades);
- Falhas sérias na Esterilização de materiais na maioria das unidades;
- Mais de 50% dos prédios de PSFs são alugados, significando improvisações e que as metas do PSF estabelecidas pelo MS não são cumpridas;
- Falta do Alvará Sanitário das Unidades;
- Dispensação e acondicionamento inadequados de medicamentos;
- Falta de local para adequação do Lixo Contaminado, acondicionado em locais impróprios e/ou nas calçadas;
- Falta de Assistência odontológica na maioria das unidades;
- Ausência de Registro das Unidades no CRM-PB;
- Atendimentos com Fichas e não Prontuários na maioria das Unidades
- Falta de telas milimétricas- a ausência colabora para a entrada de moscas e pernilongos nas unidades;
- Falta de extintores de incêndio na maioria das unidades;
- Almotolias sem tampa e sem informar o prazo de validade de produto;
- Não utilização de fardamento pelos profissionais.
- Falta de levantamento epidemiológico por Unidades das famílias atendidas (por exemplo: (quantas famílias apresentam crianças atendidas pela unidade e percentual com problemas respiratórios?
- Demora na liberação de resultados de exames;
- Trata-se efetivamente de um quadro preocupante, quem vem sendo monitorado pelo CRM (Conselho Regional de Medicina) e Ministério Público (Promotoria da Saúde)".
Herbert Targino – Promotor de Justiça de Defesa da Saúde de Campina Grande
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