TERROR NA SAÚDE


O que está acontecendo na saúde pública da Paraíba, a partir do caso do Trauma de João Pessoa, há muito deixou de ser uma ação legítima de uma categoria, no caso os médicos, e descambou para a prática do terrorismo. Não é uma guerra, porque na guerra os lados contendores procuram poupar os inocentes, enquanto o terrorismo busca vencer pelo horror, fazendo daqueles que nada têm a ver com a batalha suas vítimas preferenciais. O que há nessa cruzada contra o Governo do Estado, é um mistério.

Mas, seja o que for, é o de menos, quase irrelevante. Porém, usar a população humilde, pessoas que chegam com a vida em risco ao maior hospital da Paraíba, como reféns desse jogo de vida e morte, é algo tão absurdo que só pode ser classificado como terrorismo. Quem está por trás dessa radicalização? Quem é o comandante, quem estabelece as diretrizes dessa batalha insana em que todos os meios parecem válidos, sem reflexões de ordem ética ou moral, para atingir determinado fim? E, aliás, qual seria realmente esse fim?

Se havia um argumento para deflagração do movimento dos médicos, essa razão se perdeu em meio à tática violenta adotada. Agora, o estado acusa o Conselho Regional de Medicina de tentar impedir que profissionais do Rio de Janeiro eventualmente venham atender no Trauma, caso os médicos paraibanos se recusem a trabalhar. Se isso for verdade, como o CRM se explicará? O Conselho quer medir forças com o Governo?

Se, como acusam alguns médicos, o Governo do Estado peca contra a categoria, o CRM quer que esses pecados sejam expiados pelo sangue de inocentes? E a justiça, assistirá a essa guerra, a esse terror, sem agir? O governador precisa negociar, dialogar com a categoria, não deixando apenas com o secretário da Saúde a responsabilidade por esse processo. No entanto, não pode permitir que uma categoria, seja ela qual for, transforme a já sofrida Paraíba num estado de terror. O estado tem o dever de dobrar a cerviz daqueles que, julgando-se privilegiados e intocáveis, jogam com vidas humanas.

0 Comentários