OS PECADOS DO PMDB

Apesar da sua força, o PMDB paraibano parece um tanto sem rumo. O partido nitidamente carece de uma liderança forte, que catalise as ações na condução rumo aos próximos desafios. É como se a sigla, feito um lutador de boxe após receber um gancho certeiro no queixo, permanecesse aturdida, grogue pelo efeito da pancada. E a pancada, claro, foi a derrota fragorosa de José Maranhão em outubro.

A despeito do seu poderio na composição das bancadas federal e estadual, o PMDB cometeu erros graves no ano passado, chegando a 2011 com fragilidades mal disfarçadas. Uma delas é a sensação de que o partido dá passos para trás, tornando-se mais oligárquico, mais restrito às injunções familiares. Afinal, dos cinco deputados federais peemedebistas, apenas Manoel Júnior não venceu as eleições pela força do sobrenome. Como não poderia ser diferente, esse círculo fechado, essa casta dentro do partido, provocou um rio de insatisfações. Ninguém vai se dedicar a um projeto que privilegia herdeiros de sangue.

Além disso, passado o calor da eleição, gradualmente se confirma uma assertiva que o futuro deverá tratar de consolidar: o candidato do PMDB a governador deveria ter sido Veneziano Vital do Rêgo, não José Maranhão. Não é uma engenharia de obra pronta, pelo fato de Maranhão ter perdido. Ocorre que, se “Zé” tivesse disputado a eleição para o Senado, certamente teria sido eleito, garantindo mais oito anos em plena atividade, ao invés de ficar dependendo, como está agora, de um emprego no Governo Federal.

Enquanto isso, Veneziano, que estava afiando as unhas para a disputa desde 2008, assim como Ricardo Coutinho, partiria para a refrega com o socialista. Veneziano não sofreria com a fortíssima rejeição que Maranhão tem em Campina. Pelo contrário. Poderia perder a eleição, mas tem idade e vigor para batalhas futuras, ao contrário do ex-governador. Ademais, o impacto sobre o PMDB de uma eventual derrota de Veneziano seria bem menor do que aquele que resultou do fracasso de José Maranhão.

Personalismo

Ao optar por José Maranhão, o PMDB mais uma vez incorreu em uma decisão que pôs o personalismo acima dos interesses do partido. Pode, inclusive, ter prejudicado o futuro de Veneziano, que, para alguns perdeu o “cavalo selado” que passou em 2010.

Vaidade

Se o comprometimento sobre Veneziano é uma incógnita, o prejuízo para Maranhão está aí, para todos verem. Ao invés de estar no senado, confortável com um mandato de 08 anos, espera o socorro de Dilma Rousseff para tentar sobreviver politicamente. A opção por Maranhão foi um equívoco de vaidade. O ex-governador sentia-se imbatível.

Postura

Outra falha do PMDB é de métodos. A sigla não parece disposta a contribuir para a evolução da mentalidade política da PB. Não deixa a postura “arengueira”, que desgasta sua imagem. Postura que, aliás, favoreceu Ricardo Coutinho nas últimas eleições.

Beligerância

Exemplo desses métodos equivocados foi a campanha exageradamente “vale tudo” da legenda em outubro. Assim como a postura beligerante de figuras como os deputados Manoel Júnior, que entrou na campanha de 2012 ainda em 2010, e Benjamin Maranhão, que fustiga os males do estado, “esquecendo-se” que o tio foi governador três vezes.

Jogo velho

O PMDB ainda faz campanha como há 25 anos. Atacando mais que propondo, se preocupando mais com acordos de lideranças partidárias que com o convencimento das pessoas. 2010 provou que nem sempre o eleitor segue a cartilha de caciques partidários.

Jogo novo

Pela sua dimensão, o PMDB não pode se comportar com um nanico. Tem que entender que já é hora de colaborar no esforço para o advento de uma nova maneira de se exercer a política. Ser menos beligerante e mais propositivo. Precisa saber ganhar e saber perder.

Pecados

Em suma, o PMDB cometeu 03 pecados mortais em 2010: 1) O oligarquismo; 02) Fazer Maranhão candidato a governador, ao invés de Veneziano; 03) Política e campanha beligerantes, “arengueiras”. Cuidado, PMDB: pecados não redimidos podem levar ao inferno.

Publicado no Diário da Borborema deste domingo

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