OPINIÃO: HONRA QUE DESONRA


Atendendo a propositura do presidente Nelson Gomes Filho, a Câmara Municipal de Campina Grande aprovou, por unanimidade, a concessão do título de cidadania campinense ao ex-jogador e atual deputado federal Romário de Sousa Farias, o famoso “Baixinho”. Nenhum vereador assume, até porque todos subscreveram o projeto, mas foi uma bola fora.

Por maior que deva ser a gratidão ao ex-atleta por vir à cidade participar do jogo beneficente em prol da Apae, o gesto do nosso parlamento mais uma vez corroborou para banalizar a concessão de uma honraria que é a maior que Campina Grande pode conceder, uma certidão de filho desta terra.

Em suma, a relação entre a boa vontade de Romário e a resposta empolgada da Câmara foi totalmente desproporcional. O problema, conforme reconheceu o vereador Fernando Carvalho, é que as honrarias são concedidas “muito mais como um gesto de solidariedade ao companheiro que apresenta (o projeto) do que um reconhecimento ao homenageado”.

Carvalho, que foi favorável à outorga da cidadania ao deputado fluminense, conta que, recentemente, uma pessoa homenageada há duas décadas revelou ter, à época, ficado constrangida com a honraria. “O cidadão me pediu para receber um título que esta casa concedeu há vinte anos e ele não recebeu na época porque procurava saber o que tinha feito (para merecer a homenagem) e não encontrou – palavras dele, textualmente”, afirmou o vereador, acrescentando: “Essa pessoa me falou isso há menos de trinta dias. Disse que, agora sim, sente-se em condições de receber o título”.

De fato, tamanha banalização faz com que muita gente aceite o título de Cidadania Campinense ou a Medalha de Honra ao Mérito Municipal com sensação de constrangimento. O que, por conseguinte, desqualifica a honraria e, também, quem a concede, porque se mostra precipitado e artificial. Se o caso de Romário for tomado como (mau) exemplo, logo toda celebridade política poderá sair por aí com um diploma de cidadão campinense.

Ajudinha

Entre os vereadores, a expectativa é de que, uma fez recebendo a condição de cidadão campinense, o deputado Romário possa, quem sabe, dar uma forcinha à cidade lá na Câmara Federal. Se a maioria dos doze paraibanos não o faz, imaginem os de fora.

Relembrando

Outras homenagens interessantes: Jóia Germano (PRP) fez aprovar uma honraria para o pai, o ex-vereador Severino Germano; Cassiano Pascoal (PSL), para um primo em terceiro grau, o empresário Érico Feitosa, e para o avô, o médico José Moises; e Daniella Ribeiro (PP) para o seu personal stylist, Ari Rodrigues.

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