O PIOR INIMIGO DE NEY

Ney Suassuna reapareceu. É o mesmo Ney - trabalhador, duro na queda, inteligente, porém politicamente indefinido, perdido em si mesmo. Me fez lembrar duas colunas que escrevi sobre ele. Uma já estava aqui no blog e pode ser lida clicando AQUI. A outra, publicada no Diário da Borborema de 15 de maio de 2010, segue abaixo:

Em sua época áurea, no Senado da República, Ney Suassuna, hoje no PP, era chamado de “trator”. Quando saía em busca de verbas e recursos para o Estado, infernizava ministros e ministérios para consegui-los, fazia montanha de latas em frente ao Congresso, virou ministro de Fernando Henrique Cardoso. Em 2002, era considerado o melhor nome do PMDB para disputar o Governo do Estado – e seria ali que as decisões de Ney começariam a definir seu insucesso na política.

Desde 2001, Ney assumira a figura de pré-candidato do PMDB, mas era um pré-candidato ausente, dividido entre seus compromissos políticos em Brasília e seus lucrativos empreendimentos. O “trator” garantia que seria candidato, mas os meses passavam e sua distância causava pânico na equipe que planejava a campanha eleitoral que se aproximava. Todos conhecem o fim da história, com o ex-senador desistindo da candidatura, restando ao PMDB lançar à disputa o vice-governador Roberto Paulino.

Em 2006, Ney foi acusado de participação na máfia das sanguessugas. Acabou, contudo, punido apenas com uma advertência verbal, porque não teria efetivamente participado do esquema, sendo envolvido por conceder demasiados poderes a uma assessora que, aproveitando-se disto, teria usado seu nome nas falcatruas. A “punição” contrariou parecer do relator, Jéfferson Peres, que queria a cassação de Suassuna por negligência. No mesmo ano, perdera a eleição ao Senado para Cícero Lucena (PSDB).

Ficou para 2010 a tentativa da volta por cima. Filiou-se ao PP, que assegurou-lhe legenda para disputar novo pleito para o Senado. Proclamou-se candidato, veio umas poucas vezes ao Estado, assumiu compromissos. E sumiu. Embrenhou-se em seus empreendimentos. Numa eleição em que o primeiro desafio é conseguir ser candidato, a candidatura de Ney diluiu-se na inconsistência de suas próprias atitudes. Pode ser este seu ocaso político. Se for, Ney terá sido vencido pelo seu pior inimigo: ele mesmo.

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