Para muitos, um líder inigualável, um herói da resistência, um ídolo. Para outros, um dissimulado, um ficha suja, um mau exemplo. Cada paraibano parece ter um jeito bem distinto de enxergar o ex-governador Cássio Cunha Lima, que divide amores e ódios – e só não costuma despertar a indiferença. Nascido em berço político, ele foi iniciado cedo nesse segmento, quase um menino, e assumiu essa condição, tanto que, numa das suas campanhas, o jingle, interpretado por Biliu de Campina, conclamava: “Não tem quem tire a vontade do povo / Vamos votar no menino de novo”.
Cássio soube se valer do carisma, da juventude, da aparência, do discurso fluente para todas as classes, a fim de reforçar sua aura junto ao eleitorado que, desde o início da sua carreira, já o enxergava como uma espécie de astro pop tabajarino. Onde ele passa causa alvoroço, frenesi, não raro reações histéricas de fãs. Tem até fã-clube! Conseguiu, como nenhum outro paraibano, catalisar a paixão extravagante do nosso povo pela política.
Envolvido nessa mística, jamais conheceu derrota nas urnas. Foi tudo o que se propôs a ser: deputado federal, prefeito, governador, eleito senador em 2010 com a maior votação de todos os tempos na Paraíba. No ponto mais alto, no segundo mandato de governador, despencou do pedestal, enxotado pela justiça. Poderia ter sido o princípio da bancarrota, não fora a aura, não fora a mística!
Fortaleceu-se em meio ao fracasso, passou a ser visto pelos fãs, admiradores, aliados, aduladores e sevandijas como um perseguido, uma vítima da injustiça. E, mais uma vez, assumiu a condição criada. Não foi cassado por comprar votos, mas por ajudar os que mais precisam – é o que garante.
Os que o amam, aplaudem o discurso de mártir; os que o odeiam, rangem os dentes. E ambos, com sentimentos contraditórios, não podem deixar de reconhecer que Cássio – inigualável ou dissimulado, herói ou ficha suja, ídolo ou mau exemplo – é a mais popular e, por isso mesmo, a mais poderosa liderança política da Paraíba.
0 Comentários