OPINIÃO: GOLPE CONTRA O ELEITOR

Na semana passada, a Comissão da Reforma Política do Senado aprovou o modelo de voto proporcional com lista fechada como método para a eleição de vereadores, deputados estaduais e federais. Por esse mecanismo, o eleitor não vota no candidato, mas no partido, que indica uma lista, em ordem prioritária, cujos integrantes se elegem na medida em que a legenda atinja o quociente eleitoral. Por exemplo, se um partido X recebe votação suficiente para fazer três vereadores, os eleitos serão os três primeiros da lista, conforme a indicação do partido.

Logo, caso a sociedade cochile e não entre de vez nesse debate, repugnando veementemente a lista fechada, e caso esse método prevaleça em plenário, teremos um total comprometimento do poder de escolha do eleitor, aliás, o fim do seu direito de escolher deputados e vereadores, e estaremos dando fermento para engordar o monstro que são os partidos políticos no Brasil.

Ora, nossos legisladores, imbuídos numa reforma que atenda às suas próprias expectativas e dos pequenos grupos que dominam o cenário eleitoral no país e em cada estado e município, fingem viver numa democracia ideal, onde os partidos seriam exemplares núcleos democráticos, ao invés dos reinozinhos dominados por pequenos reis que é o que, na verdade, são – desde que existem os partidos no Brasil.

Direto ao assunto, num sistema de lista fechada, quem seriam os cabeças das listas dos partidos, se não seus chefes (os próprios pequenos reis), ou seus filhos, mulheres e parentes mais chegados? A distorção é tamanha, que um chefe partidário que não concorresse ele mesmo, poderia facilmente eleger um testa de ferro sem qualquer expressão política (coisa que, aliás, já ocorre, mais que ficaria muito mais fácil de fazer) em várias esferas do poder legislativo. Os brasileiros precisam despertar para esse processo de reforma, porque não dá para confiar cegamente em raposas cuidando de galinheiros. A lista fechada é uma afronta à soberania popular e, como tal, precisa ser rechaçada.

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