OPINIÃO: CONTRADIÇÕES TUCANAS

Nos últimos dias, o vice-governador Rômulo Gouveia, tucano de alta plumagem, resolveu abrir o jogo sobre sua intenção de deixar o PSDB, ideia fortalecida pelo surgimento do PSD, para onde Rômulo poderia migrar, assumindo o comando do novo partido. Ele também não escondeu o motivo de sua pretensão de deixar o ninho – razão que é de domínio público: não se bica com o presidente estadual, o senador Cícero Lucena.

E isso não é de hoje. O azedume entre os dois tornou-se latente logo após o afastamento de Cássio Cunha Lima do governo do estado, em fevereiro de 2009. Dali em diante, enquanto Cássio e Cícero digladiavam nos bastidores para definir os rumos do partido, mas posavam sorridentes para fotos em público, Rômulo passou a bater de frente com o presidente tucano, o que rendeu duros contragolpes da parte de Cícero e do seu sobrinho, o ex-deputado estadual Fabiano Lucena. Há dois PSDB’s, e Rômulo parece sentir que não cabe em um deles e está ficando apertado demais no outro.

Um destes PSDB’s é o de Cícero Lucena, adversário do atual governo e mais propenso à aproximação com o inimigo histórico PMDB. O outro poderia ser de Cássio, mas o ex-governador se mantém na mesma posição em que se colocou há dois anos, evitando confrontar Cícero de fato e definitivamente.

Rômulo esperava que o ex-governador assumisse o comando do partido, mas ele dá sinais de que não quer lutar pela presidência. Uma postura estranha, porque Cássio tem todas as condições de tomar as rédeas do PSDB, retirando o partido dessa posição incongruente em que se encontra.

Mais que isso, essa seria sua obrigação enquanto aliado do governador, afinal, dentre os principais nomes tucanos, somente Cícero Lucena – e por razões pessoais – é adversário de Ricardo Coutinho. Mais que estranha, a posição do provável futuro senador, que com sua indiferença permite a manutenção de um quadro instável na relação PSDB/PSB, chega a ser de profunda negligência para com o governo do qual é aliado.

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