OPINIÃO: ACORDO DE CAVALHEIROS

O tucano Ricardo Marcelo não apenas conseguiu se reeleger para a presidência da Assembleia Legislativa, como foi praticamente uma unanimidade. Dos 36 deputados estaduais, apenas dois não sufragaram seu nome.

O resultado não foi nenhuma surpresa, afinal, ele era o favorito, tanto pelos apoios que amealhou, quanto pelo fato inequívoco de que as disputas para a presidência das casas legislativas, desde a câmara de vereadores do menor município até o senado federal, são, acima de tudo, processos carregados de conveniências, praticamente um jogo de cartas marcadas, em que quem já está assentado na presidência sempre será um favorito absoluto.

Veja-se, por exemplo, a reeleição de José Sarney (PMDB) para comandar o Senado Federal pela quarta vez, apesar de toda a controvérsia que envolve a atuação do peemedebista à frente daquela casa. Sarney foi reeleito com nada menos do que setenta dos 81 votos possíveis.

Por aqui, foi importante para a reeleição sem sobressaltos de Ricardo Marcelo o fato de o novo governo não ter interferido no processo. O tucano jamais foi o preferido do governador Ricardo Coutinho, que, no entanto, deve ter preferido não gastar energias para tentar reverter um quadro que se mostrava amplamente favorável a Ricardo Marcelo, que tinha a vantagem de contar com os votos da oposição.

O governo optou por celebrar um pacto de paz com o presidente do legislativo, e este, por sua vez, buscou mostrar-se como governista de carteirinha, por temer que uma eventual influência do Palácio da Redenção pusesse a perder seus planos. Houve, portanto, praticamente um acordo.

Por parte de Ricardo Marcelo, não existiu qualquer dificuldade em esquecer que, durante a campanha, fiel ao ex-governador José Maranhão, renegou veementemente o socialista, recusando-se até a usar o cenário que fazia alusão ao nome do então candidato Ricardo Coutinho. Por parte do governador, optou-se por compreender o “arrependimento” do tucano e acolher-se um aliado de última hora.

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