
Com a insipiente democracia brasileira, o apadrinhamento virou ferramenta eleitoreira e os governantes, se não chegam ao extremo do francês Luis XIV, o “Rei Sol”, que dizia “o Estado sou eu”, agem como a dizer “o Estado é meu”. Foi assim que a máquina pública virou cabide de emprego, tornando famosas as enormes listas de exonerados e nomeados governo após governo, apesar de a Constituição de 1988 determinar o concurso público como regra para ingresso na carreira pública. Os amigos do rei estão acima da lei.
Agora, quando o Ministério Público recomenda e o estado passa a demitir os primeiros não concursados, muitas vozes que se erguem para denunciar a suposta crueldade do governo por demitir pais de família. Já ponderamos, em outra ocasião, sobre o sofisma desse argumento. Cabe ressaltar, no entanto, que a defesa do clientelismo na máquina pública é – venha de quem vier – mais um caso de defesa da ilegalidade.
Quem esteve nos quadros do estado após a Carta de 1988, apesar do drama que é a perda do emprego, não pode ser considerado como vítima, porque trabalhou e recebeu por isso – se recebeu pouco ou muito, é irrelevante, a maioria absoluta de nossa população, mesmo sem emprego público, ganha mal e luta para viver. No mais, essas pessoas ocuparam espaços que deveriam ter sido preenchidos por pais de família aprovados em concurso público, dentro da legalidade. Todo mundo quer ver o Brasil e a Paraíba mais moralizados, mas ninguém parece querer ser atingido por esse processo.
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