OPINIÃO: O PT, A CIGANA E A CONVERSA

Ontem, o ainda deputado estadual Rodrigo Soares, presidente estadual do PT, reuniu-se com o deputado federal Luiz Couto, ex-presidente da legenda. Encontro de adversários. Mas, não se falou em apoio ao governador Ricardo Coutinho, o que, para Rodrigo, é assunto superado – o PT, acredita ele, será mesmo oposição.

Num esforço para exercer sua liderança, Rodrigo Soares pretende promover uma série de conversas com lideranças, detentores de mandatos e figuras proeminentes do partido no estado, com o propósito de discutir os rumos a seguir este ano e, claro, pensar e planejar 2012. A postura do presidente petista é natural, mas a verdade inegável é que o jovem deputado apenas se debate, luta para manter um comando que já não tem e que, gradualmente, deverá perder por completo. Quando ficar sem mandato, conforme Ricardo consolidar seu governo, quando perder os últimos suportes isolados que ainda oferecem algum sustento, Rodrigo se tornará, invariavelmente, um rei sem súditos.

No último encontro do PT, o presidente conseguiu, utilizando-se das manobras permitidas pelo cargo, fazer valer sua vontade – mas apenas no papel. Na ata, foi registrada a decisão da maioria de manter-se na oposição, só que, na prática, os principais nomes do partido serão governo. É o óbvio ululante! Na democracia partidária, não manda quem tem maioria, manda quem tem mais poder. Sobre o presente e o futuro do PT, não precisa ser nenhuma cigana para fazer previsões.

Os petistas continuarão brigando e seguindo caminhos antagônicos quanto à postura em relação ao governo Ricardo; continuarão brigando quando iniciarem as discussões sobre a sucessão nos municípios; continuarão trocando farpas pela imprensa, divergindo beligerantemente sobre a menor bobagem. E continuarão, claro, promovendo encontros e reuniões, que levarão do nada ao lugar nenhum. Tudo porque, no PT, quanto mais se dialoga, mais se diverge. Tudo porque, no PT, conversando é que não se entende.

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