OPINIÃO: A INTRANSIGÊNCIA DO MAJOR


Na última terça-feira, um ato convocado pelo deputado federal Major Fábio em defesa da chamada “PEC 300 paraibana” reuniu, segundo a versão mais favorável, cerca de 300 policiais civis, militares e agentes penitenciários em frente do Palácio da Redenção. Para o governo do estado, o número de manifestantes não passava de cem, mesmo contando os inativos e pensionistas.

Seja qual for a versão verdadeira, o fato é que a quantidade de policiais presentes ao ato ficou muito aquém do que certamente esperava o Major que, para não permitir que a moral da “tropa” desabasse, alegou que muita gente deixou de comparecer ao manifesto por temer represálias por parte do governador Ricardo Coutinho, que “está de chicote na mão”, segundo afirmou o deputado. “Acredito que ele vai tentar perseguir muitos policiais que estão aqui, vai tentar colocar para fora”, declarou. Major Fábio acrescentou, em tom irônico, que espera que o socialista não coloque o exército nem a polícia contra os policiais.

A virulência do discurso do deputado começa a causá-lo infortúnios. Para início de conversa, surgiu o questionamento inevitável: se Ricardo Coutinho é um rei de chicote na mão, o Major, mesmo sendo um político de posições tão firmes, fecharia os olhos para isso, desde que a “PEC” fosse paga? Como, de resto, o fez até recentemente, quando foi um aliado silencioso do socialista. Ademais, seu crescente radicalismo já provoca insatisfação entre os policiais.

Foi o que aconteceu quando rejeitou o convite para uma reunião com o secretário-chefe do governo, Walter Aguiar, que, em meio ao manifesto da última terça, solicitou a formação de uma comissão para discutir o assunto “PEC”. Segundo um policial presente ao ato, o Major afirmou que só conversaria com o próprio governador. Uma postura intransigente, que só dificulta as relações e negociações entre o governo e os policiais. A continuar assim, ou o Major Fábio perderá o respaldo da grande maioria dos policiais ou levará a categoria a um levante.

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