OPINIÃO: REVOLUÇÃO EM CAMPINA

A Câmara Municipal de Campina Grande passou quase todo o ano de 2010 numa mesmice modorrenta. Com a oposição esfacelada, deixando de provocar os grandes debates e polêmicas tradicionais ao processo de dissenso legislativo, poucas e superficiais foram as controvérsias suscitadas. Todavia, desde que a bancada de situação passou a ser maioria na Casa, sabia-se que uma tentativa de revolução era preparada nos bastidores, com o objetivo de anular a reeleição da mesa diretora, que havia sido antecipada em um ano.

Para os reeleitos, não há qualquer revolução, e sim um legítimo golpe. O peemedebista Antônio Pereira, que não teme declarações bombásticas, mandou um torpedo para seu correligionário, Fernando Carvalho, um dos comandantes da revolução (ou golpe, como queiram), dizendo que havia vereador ex-militar tentando estabelecer o AI-5 na Câmara. Carvalho, único vereador a já ter sido do Exército, rebateu, acusando Pimentel de trair seu grupo político, aliando-se à oposição.

Ontem pela manhã, o presidente Nelson Gomes Filho disse não ter qualquer sentido essa reação de alguns dos seus pares. “O processo foi limpo, correu dentro dos ditames jurídicos. Tanto que, à época, eles recorreram à justiça, que confirmou a legalidade da eleição. Não sei por que essa reação agora”, afirmou. Nelson assegura não guardar mágoas de alguns parlamentares, mas declarou que compromissos foram quebrados. “Marcos Raia (PDT) havia me dito que não me preocupasse, porque ele não seria favorável a nenhum golpe contra mim”, contou.

Raia, porém, foi um dos nove que subscreveram o pedido de anulação da eleição da mesa diretora. Laelson Patrício (PT do B), outro que assinou o documento, resolveu recuar. Os insurretos convocaram para ontem uma sessão extraordinária a fim de discutir a anulação, mas a sessão acabou suspensa por liminar. Ao que parece, a situação pode até ter maioria, mas o problema é que essa tentativa de revolução (ou golpe, como queiram) tende a esbarrar na justiça.

Fogo cruzado

Os dias finais do governo de José Maranhão são conturbados, e seu secretariado já não faz mais a menor questão de esconder as profundas diferenças internas, como na absurda crise que ameaça até provocar a falta de alimentos nos presídios paraibanos.

Falando nisso

Vai sendo escrito um fim de governo no mínimo melancólico. A contradição entre a Paraíba idealizada na propaganda de Maranhão durante o processo eleitoral e aquilo que tem se visto no pós-eleição é impressionante e alarmante. Ainda mais para um curto governo que havia adotado como slogan o compromisso de “reconstruir a Paraíba”.

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