OPINIÃO: 'FÉLIX, UMA LIÇÃO' - HOMENAGEM AOS 88 DO NASCIMENTO DE FÉLIX ARAÚJO

Ele é o patrono da Câmara Municipal de Campina Grande e, na cidade, seu nome batiza uma praça, uma creche, uma escola, uma rua, uma biblioteca. Mas, Félix está bem acima de ser “apenas” um grande campinense. Ele foi e é – homens assim não morrem – um grande paraibano, um grande brasileiro, um grande ser humano. E não foi, como tantos, grande porque ocupou grandes cargos – falsa grandeza. Foi daqueles que engrandecem as posições que ocupam, mesmo as mais simples.

Poeta, jornalista, soldado, estudante, vereador. Em pouco mais de trinta anos de vida, viveu cem anos, viveu muitas vidas. Deixou um esplêndido legado poético que clama por reedição; deixou sua voz nas ondas eternas da rádio Borborema; deixou parte de sua alma nos campos da segunda guerra mundial; deixou, interrompida, uma carreira promissora no direito; deixou seu sangue como testemunho do zelo e amor no chão de Campina; deixou a vida efêmera dos viventes para viver eternamente no plano dos imortais.

Félix de Souza Araújo nasceu em Cabaceiras, exatamente há 88 anos, 22 de dezembro de 1922. Morreu em 27 de julho de 1953, duas semanas após ser ferido à bala pelas costas por João Madeira, um grandalhão capanga do então prefeito Plínio Lemos, cujas contas o jovem vereador investigava. A eventual responsabilidade (autoria intelectual) do prefeito no crime nunca foi comprovada, e João Madeira, trucidado pelos presos – aos quais Félix prestava assistência – tornou-se um arquivo morto.

Até hoje, muito se escreveu e se disse sobre Félix Araújo, mas essa cultura de massa hodierna tende a distanciar as gerações de sua própria história. Os paraibanos precisam resgatar seu passado honroso, reencontrar exemplos insofismáveis de homens como Félix Araújo, que fez da própria vida o testemunho de uma prática política servil, voltada para as demandas humanas, as profundas necessidades sociais, as terríveis e tantas dores do povo. Seu legado é vibrante; seu testemunho, legítimo; sua história, uma lição.

Publicado no Diário Político do Diário da Borborema (e em O Norte) desta quarta-feira
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NOTA:
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Não sou um homem de ídolos. A exceção é Félix Araújo. Por tudo o que ele representa, por ter feito da sua curta existência um intenso, profundo e vivíssimo exemplo e testemunho de dedicação ao bem coletivo, principalmente daqueles mais necessitados, Félix sempre despertou minha maior admiração. Dos projetos que mantenho para o futuro breve, um deles é escrever um livro sobre Félix Araújo. Já há bons livros, mas falta ainda uma biografia detalhada de um personagem que deve ser conhecido e reconhecido por todos.

A seguir, ouçam a matéria que fiz em 2009 para a rádio Cariri por ocasião do aniversário da morte de Félix, entrevistando seu irmão, o ex-vereador Mário Araújo.


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