OPINIÃO: RICARDO E O CASSISMO

Se vai durar e até quando vai durar essa aliança entre o ex-governador Cássio Cunha Lima e o governador eleito Ricardo Coutinho, é impossível sabermos. O certo é que, na política paraibana, de uma democracia pouco amadurecida, com chefes partidários que agem como proprietários das legendas, nas quais a maioria dos filiados trata esses “proprietários” como comandantes, submissamente, é difícil aos partidos comportarem dois líderes afirmativos, da mesma estatura.

É, mal comparando (e talvez nem tão mal assim), como um galinheiro de fundo de quintal, onde não pode haver dois galos cantando. Ricardo Coutinho ainda não tem a mesma estatura política de Cássio, que é um líder popular, uma espécie de pop star da política tabajarina, fortalecido ainda mais pelo revezes que o tornaram, nos últimos meses, para seus milhares de fãs e admiradores, uma espécie da mártir da democracia. Mas o futuro governador tem nas próprias mãos a chance de consolidar sua liderança estadual nos próximos anos.

O que pode ser dado como certo, no entanto, é que Ricardo Coutinho, embora inserido neste momento no grupo cassista da bipolarização eleitoral da Paraíba, não será um cassista, agindo subordinadamente às orientações do ex-governador. Não é o perfil do socialista, e Cássio Cunha Lima sabe disso muito bem.

A aliança entre os dois não foi um gesto de desprendimento do tucano em favor de Coutinho. Na verdade, o ex-governador percebeu que Ricardo era sua única alternativa viável de vitória sobre José Maranhão, tarefa que não acreditou que Cícero Lucena fosse capaz de desempenhar. E Ricardo, por sua vez, sabia que precisava de uma parceria da dimensão de Cássio para fortalecer-se na disputa.

É uma aliança estritamente pragmática e, como tal, durará apenas enquanto for pragmaticamente interessante para ambos os lados. Mas, dure o quanto durar Ricardo não desempenhará o papel de cassista submisso. É bom para a Paraíba o fim de uma limitada e desgastada bipolarização eleitoral e política.

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