
Cercado de assessores, como sempre ladeado pelo deputado federal reeleito Manoel Júnior e o multifuncional Roosevelt Vita – agora comandando a Controladoria do Estado – o governador exerceu a arte de falar sem nada dizer. Chegou calado, leu seu pronunciamento, e saiu calado, para espanto dos jornalistas, para espanto de todos.
O texto lido é um breve apanhado da trajetória de José Maranhão, com trechos que já haviam sido contados durante a campanha, no guia da TV. É, ainda, um curto inventário das suas ações à frente do Governo do Estado. Sobre a eleição, nada; sobre o resultado das urnas, quase nada; sobre o futuro de Maranhão, palavras vagas, inexpressivas; sobre as ações na Justiça que o PMDB mantém contra o governador eleito Ricardo Coutinho, novo silêncio.
Assegurou, pelo menos, que o processo de transição será viabilizado. “Vamos garantir a transição administrativa, mantendo as conquistas da Paraíba, não penalizando o andamento das atividades do Estado”, disse.
José Maranhão foi embora, sem falar com a imprensa, deixando a cargo de assessores as perguntas que cabiam a ele responder e as respostas que só ele poderia dar. O governador se mantém em silêncio. E o que se pode apreender desse silêncio é que o homem que por mais tempo governou a Paraíba em toda a história – e o fará até 31 de dezembro – ainda não tem certeza do que dizer, porque ainda não digeriu os últimos acontecimentos, porque ainda não resolveu o futuro.
Maranhão, porém, precisa isolar-se de tudo e de todos, refletir sobre o que ainda não resolveu e, encontrando suas respostas, falar. O que não pode é encerrar este ciclo com o incômodo fecho do silêncio.
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Publicado no Diário Político, do Diário da Borborema, de 06 de novembro
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