LENA GUIMARÃES MANDA BARRAR CONVIDADOS NA TV MASTER E ALEX FILHO, PARA NÃO SE INDISPOR, ACATA

Foi o maior buruçu, ontem, na TV Master, em João Pessoa - canal que nunca assisti, mas que é de propriedade do chatíssimo Alex Filho, dublê de cantor gospel, apresentador, jornalista e empresário.

Pelo que li, Lena Guimarães, que seria mais poderosa neste governo que o chefe do Departamento de Imprensa e Propaganda da ditadura Vargas, simplesmente ligou para a direção da emissora para proibir, peremptoriamente, a participação de alguns convidados não muito admiradores de José Maranhão no programa Conexão Master, que é apresentado por Luís Torres, com participações de Tião Lucena, Gilvan Freire e Lúcio Flávio.

Participam não participam, resolveu-se que o programa não ia ao ar, num esforço para minorar o vexame da barração dos convidados. Daí para a frente, duas versões.

No blog de Luís Torres, previdentes alusões à suposta dignidade e coragem de Alex Filho, inclusive afirmando: "Nem ele nem eu nos curvamos aos desejos dos filhotes da ditadura que se encastelaram no governo Maranhão III".

Já no blog do Tião, a constatação mais sóbria e verossímil: "É bom frisar que Lena não é a dona da emissora. Se o programa foi suspenso, isso aconteceu porque os donos da emissora quiseram. Se os donos da TV Master fincassem o pé e decidissem não obedecer as ordens de Lena, o Conexão teria exibido, na segunda, o debate entre Ricardo Barbosa e Manoel Júnior, com as participações de todos os convidados. Diante desse fato, não sei se Lena é mais culpada ou menos culpada do que aqueles que tremeram diante de suas ordens", pondera.

Em seu texto, Tião Lucena explica os motivos de ter retardado um comentário sobre o ocorrido: "Alguém, antes de mim, foi a público contar uma versão heróica do ocorrido que destoa um pouco da realidade", afirma, numa alusão clara à versão heróica para o caso, dada por Luís Torres.

Fato é que não dá para ninguém nestas terras paraibanas, quer jornalista ou não, apontar o dedo para Luís ou qualquer outro sujeito, de qualquer setor de imprensa, para acusá-lo de fraqueza - conforme vem sendo comum demais por aqui. Falar é fácil, difícil é ser jornalista nessa Paraíba. Cada vez mais difícil.

Pessoalmente, entendo que a grande miséria de nossa imprensa é, primeiro, a forma como se dá a concessão pública para rádio e TV, num sistema imoral de favorecimento de interesses tacanhos dos pequenos grupos de poder, e, segundo (e pior), a total dependência da publicidade institucional para sobrevivência das empresas de comunicação. Isso gera uma série de misérias sem fim, como observamos cotidianamente.

O que, mesmo de longe, não dá para concordar com o colega Luís Torres, é com sua defesa dos belos atributos de Alex Filho - e de qualquer dono de mídia, principalmente dos veículos de massa, ou seja, rádio e TV. Vale ainda lembrar que, mesmo antes do ocorrido ontem, o programa Conexão Master conta com a presença de Gilvan Freire, o homem que se auto proclama coordenador da campanha de José Maranhão para as eleições de outubro.

No fim de seu texto, Torres deixou um aviso: "O Conexão Master volta na próxima segunda-feira com a mesma diversidade que o marcou desde a sua criação, apesar dos pesares". É justo esse "apesar dos pesares" que pesa. Doravante, uma vez que o programa de ontem não foi ao ar, sabe-se que só participa dele quem for previamente liberado pela censura governamental.

A Luís e Tião, nosso sentimento de participação direta na percepção de que são negros os dias vividos pela Paraíba. Gestos assim, relembrando páginas que julgávamos viradas na História do Brasil, evidenciam que ainda nos falta muito para conquistarmos a verdadeira democracia, estando hoje subjugados por uma ditadura que, se não é militar ou hereditária, é formada por grupos que digladiam e se alternam no poder, para benefício próprio e má sorte dos que a eles se oponham.

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