
Você errou, Veneziano!
Primeiro, não foi a imprensa que espetacularizou a cassação do seu mandato. Ocorre que a cassação de um prefeito é a bomba do dia, em qualquer lugar do mundo onde haja democracia – o que não é nosso caso. Você foi cassado. Ponto. Notícia. Bomba! Não foi Denise, não foi a TV Paraíba, não foi a imprensa quem assinou a cassação.
Foi o juiz Francisco Antunes Batista. Se vai atacar a interpretação de alguém, ataque o magistrado, porque ele sim, conjuntamente com o Ministério Público Eleitoral, disse taxativamente que aquele cheque foi parar na sua conta de campanha. Os repórteres nunca asseveraram o que, segundo o juiz, aconteceu. Eles apenas perguntam.
Não ataque a imprensa, ataque a empresa!
Por que, ao invés de fazer alvo em Denise, ou mesmo citar genericamente a TV Paraíba, não criticou os proprietários da empresa, da Rede Paraíba de Comunicação, aberta e nominalmente? A repórter, prefeito, é uma funcionária assalariada, a quem os patrões sequer dão “boa noite” quando vêm à Cidade. Não é ela quem decide a linha editorial da TV.
O desmentido
Veneziano acusou a TV Paraíba de, desde a cassação, não ter lhe dado espaço para manifestar-se. Num raro e ainda débil ato de coragem, a emissora negou as declarações do prefeito, afirmando que o procurou várias vezes desde a segunda-feira.
2008 – 2010
Veneziano, apesar de ser membro de uma das mais tradicionais genealogias políticas do Estado, chegou até aqui por méritos próprios, alcançando o que nem mesmo seu tio-avô, o grande Argemiro de Figueiredo, conquistou: ser prefeito de Campina Grande. Conquistou no voto, quebrando a hegemonia de mais de duas décadas do grupo Cunha Lima.
No trato cotidiano com a imprensa, mostra-se uma figura cordata, humilde. Mas, fica claro que, ante o revés, o comportamento do jovem prefeito não é o mesmo. Em 2008, quando não conseguiu encerrar o pleito no primeiro turno, sumiu por horas, não deu declarações à imprensa, falando em seu lugar o irmão e deputado federal Vitalzinho, que, por telefone, concedeu entrevista à rádio Campina FM e atacou duramente a emissora, no ar, ao vivo.
Agora, mesmo dizendo-se tranqüilo, vemos um Veneziano de olhar afogueado, sendo ríspido com uma profissional em serviço, num episódio lamentável, enquanto os barões do Café São Braz, intocáveis, sequer foram mencionados, sobrando a “culpa” do sistema para a jornalista – que, por sinal, manteve uma postura segura e digna, dando uma lição na “cúpula” da empresa. É sempre mais fácil atacar o mais frágil.
Futuro
Não se convoca uma coletiva para que os jornalistas façam as perguntas que o entrevistado queira responder. Não se demonstra a segurança de líder apenas nos momentos de estabilidade, sucesso e bonança.
Veneziano é jovem, tem estrela própria, uma estrada a palmilhar que aponta para uma caminhada de sucesso. Mas, na política, uma das mais necessárias lições é aprender a lidar com o revés. A derrota não faz um perdedor. A postura, pode fazer.
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