A concessão de honrarias – como medalha de honra ao mérito e título de cidadania – é uma premissa legítima do legislativo. Nada contra. O problema ocorre, entretanto, quando um parlamento de pouca expressão tem nesse tipo de instrumento uma das suas mais repetitivas atuações.
Esse é, exatamente, o caso da Câmara de Vereadores de Campina Grande. Com a maioria dos seus membros desenvolvendo mandatos sobremodo apagados, quase irrelevantes, a Casa de Félix Araújo – patrono de fortíssima expressão popular em sua carreira curta, porém brilhante – praticamente se tornou nos últimos dias uma casa de homenagens.
Numa análise primária, observando-se as notícias produzidas pela própria assessoria da Câmara (algumas relacionadas no fim do texto), observamos que a entrega de honrarias a figuras da elite campinense tem sido uma das maiores preocupações dos nossos parlamentares.
Além da exagerada ênfase nas homenagens, um outro aspecto que chama a atenção, observando justamente o festival de honrarias, é que a Casa do povo campinense tem se tornado, também, casa das elites. No vasto rol de homenageados, listamos empresários, políticos, parentes dos próprios vereadores, estilista e, principalmente, médicos. Alguém do círculo popular mesmo, provavelmente apenas a corredora Ednalva Laureano.
Quantos foram os professores homenageados? As lideranças populares? Quantas mãos calejadas receberam o certificado de Cidadania Campinense? Quantos peitos doídos pelo pesado labor e queimados pelo sol do trabalho cotidiano empunharam a medalha de honra ao mérito? Quantas das muitas figuras anônimas que prestam inestimável serviço a esta terra, no setor público, na ação social, no trabalho das ruas estiveram no Plenário da Câmara para o justo reconhecimento?
Não se trata de renegar os méritos daqueles que foram homenageados. Em absoluto! O problema é constatar que, além do mérito, é preciso para tal reconhecimento um algo mais, uma atividade profissional considerada economicamente importante, um parentesco político – apenas o mérito não é, claramente, o bastante.
A permanecer assim, essa legislatura, ao passar, ficará anexada no rol das mais ineficientes e elitistas da história da Câmara campinense – guardadas as exceções. Oxalá o povo, num surto de consciência e dignidade, soubesse dar a resposta em 2012, negando honra a quem não soube honrá-lo.
Seleção de manchetes
do portal da Câmara
29/04 - Médicos são homenageados com medalha de honra ao mérito
29/04 - Câmara campinense vai comemorar 50 anos do Colégio Regina Coeli nesta quinta
28/04 - Câmara concedeu título de cidadania campinense ao médico José Moisés
28/04 - CMCG homenageia médico Rogério de Assis e Dra Sandra Maria com medalha de honra ao mérito
27/04 - Câmara campinense homenageou o empresário e ex-vereador Severino Germano
16/04 - Nova creche a ser construída pela Prefeitura receberá o nome de Terezinha Leite
16/04 - Cassiano Pascoal pediu e CMCG entregou título de cidadania campinense ao empresário Érico Feitosa
14/04 - Câmara de vereadores homenageia a atleta Ednalva Laureano com título de cidadania
11/04 - Glamour: Câmara presta homenagem ao estilista Ary Rodrigues com medalha de honra ao mérito
06/04 - Poder Legislativo fez homenagem aos 100 anos do médium Chico Xavier
Esse é, exatamente, o caso da Câmara de Vereadores de Campina Grande. Com a maioria dos seus membros desenvolvendo mandatos sobremodo apagados, quase irrelevantes, a Casa de Félix Araújo – patrono de fortíssima expressão popular em sua carreira curta, porém brilhante – praticamente se tornou nos últimos dias uma casa de homenagens.
Numa análise primária, observando-se as notícias produzidas pela própria assessoria da Câmara (algumas relacionadas no fim do texto), observamos que a entrega de honrarias a figuras da elite campinense tem sido uma das maiores preocupações dos nossos parlamentares.
Além da exagerada ênfase nas homenagens, um outro aspecto que chama a atenção, observando justamente o festival de honrarias, é que a Casa do povo campinense tem se tornado, também, casa das elites. No vasto rol de homenageados, listamos empresários, políticos, parentes dos próprios vereadores, estilista e, principalmente, médicos. Alguém do círculo popular mesmo, provavelmente apenas a corredora Ednalva Laureano.
Quantos foram os professores homenageados? As lideranças populares? Quantas mãos calejadas receberam o certificado de Cidadania Campinense? Quantos peitos doídos pelo pesado labor e queimados pelo sol do trabalho cotidiano empunharam a medalha de honra ao mérito? Quantas das muitas figuras anônimas que prestam inestimável serviço a esta terra, no setor público, na ação social, no trabalho das ruas estiveram no Plenário da Câmara para o justo reconhecimento?
Não se trata de renegar os méritos daqueles que foram homenageados. Em absoluto! O problema é constatar que, além do mérito, é preciso para tal reconhecimento um algo mais, uma atividade profissional considerada economicamente importante, um parentesco político – apenas o mérito não é, claramente, o bastante.
A permanecer assim, essa legislatura, ao passar, ficará anexada no rol das mais ineficientes e elitistas da história da Câmara campinense – guardadas as exceções. Oxalá o povo, num surto de consciência e dignidade, soubesse dar a resposta em 2012, negando honra a quem não soube honrá-lo.
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1 Comentários
Provavelmente não. A não ser que melhore muito financeiramente. Abs