ARTIGO: O MESMO NEY

Leiamos o texto a seguir:

"Ao que constava, nenhuma atividade ligada à vida de Ney (Suassuna) merecia dele dedicação full time (em tempo integral). Dono de colégio, senador da República, homem de negócios com interesses em setores diversos, no Brasil e no exterior; poeta bissexto, compositor musical, autor teatral... Ney tinha como principal característica uma desmedida inquietude. (...) Durante meses, sustentou uma postura dúbia, surpreendente mesmo para os mais escolados políticos: assumiu, publicamente, o compromisso com sua candidatura (...) e manteve, inalterada, sua rotina de empresário e seu domicílio dividido entre o Rio de Janeiro e Brasília".

O trecho acima é do livro "O moído de 2002" (editora Livro Livre, pg 21 e 22), do controverso Stalimir Vieira, um dos marqueteiros do PMDB na eleição em que Cássio venceu Roberto Paulino, mas em que Ney Suassuna, então senador, durante meses desempenhou o papel de um longinquo pré-candidato ao Governo do Estado, até a confirmação de sua desistência.

Foi em 2002, mas, coloquem o conteúdo do texto de Stalimir no tempo presente e vejamos se não se adapta perfeitamente à postura de Ney para com sua eventual pré-candidatura ao Senado.

Cadê Ney? Eis uma pergunta que a direção estadual do PP tem ouvindo com frequência. Janeiro passou. O carnaval (louvado seja Deus) fica para trás. Cadê Ney? - É o que indagam constantemente a sua porta-voz, Aracilba Rocha. Foram-se oito anos desde aquele vai-não-vai de Ney como pré-candidato ao Governo do Estado, e ele mantém exatamente a mesma postura distante e indiferente, como que não querendo nada e querendo tudo – ao mesmo.

A diferença é que, no caso de 2002, o cargo proposto atentava contra a personalidade de Suassuna, então senador, em seguida ministro de Fernando Henrique Cardoso, cuja inquietação tornaria extremamente difícil prendê-lo na cadeira do Palácio da Redenção.

Uma coisa é estar no Senado da República e conseguir manter mil negócios pessoais ao alcance das mãos. Outra bem diferente é ter um estado para administrar e ainda gerir pessoalmente grandes empreendimentos privados.

Mas, o caso de agora é, justamente por isso, diferente. O Senado cai como uma luva no jeito Ney Suassuna de ser. E, mesmo assim, cadê Ney? A pesquisa Ibope divulgada pela Rede Paraíba em outubro último foi considerada esperançosa para o ex-senador, que aparecia com 9% das intenções de voto, mesmo sem mandato e fora da mídia. E nem isso o parece ter comovido ou estimulado.

O PP, seu novo partido, continua esperando um posicionamento efetivo, e permanece garantindo-lhe legenda. E olhem que o ex-senador sequer apareceu no encontro do partido, em novembro, tendo mandado dizer por Aracilba que seria candidato.

Mas o PP não poderá esperar para sempre. Há prazos. E, caso o desfecho se encaminhe para uma desistência, como em 2002, ou mesmo ocorra diferente e Ney aporte, finalmente, na Paraíba, mas para uma campanha em cima da hora, em mais uma "entrada triunfal" bem ao seu estilo, muito provavelmente será tarde demais. E aí, Ney, não adianta chorar.

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