Contrariando todas as expectativas, a Câmara de Vereadores de Campina Grande, por maioria mais que absoluta, manteve 87 dos 89 vetos do prefeito Veneziano Vital do Rêgo a emendas aprovadas anteriormente na Casa. Dos nove membros da bancada de oposição, três resolveram acatar a decisão do Executivo: Alcides da Weider (PRP), Marcos Raia (PDT) e Inácio Falcão (PSDB). Jóia Germano (PRP), por sua vez, retirou-se da sessão, alegando que tinha a resolver questões de ordem pessoal.Daniella Ribeiro (PP), que na semana passada havia pedido o adiamento da apreciação dos vetos porque, na ocasião, a líder oposicionista Ivonete Ludgério (PSB) estava em viagem, o que não dava à bancada a maioria necessária para derrubada dos vetos, hoje mostrou-se indignada. Segundo Daniella, a rejeição do prefeito às emendas foi uma ação política, que acabou corroborada pelos próprios opositores de Veneziano.
João Dantas
Quem também se mostrou sobremodo irritado com a postura da oposição na Casa de Félix Araújo foi o primeiro suplente João Dantas (PTN, foto), autor, durante a licença de Marcos Raia, de 54 emendas, todas vetadas pelo Executivo, o que, segundo Dantas, provaria predisposição por parte do prefeito em não respeitar a oposição. "Ele quer ser um reizinho, um Pinochet da vida", disse.
Sobre seus colegas de oposição, João Dantas criticou a pouca produtividade, em comparação com a Câmara da Capital. "Meu sentimento primeiro é de impotência; depois, de indignação; e, por fim, de vergonha. Em João Pessoa, os vereadores apresentaram 1.012 emendas ao orçamento e, aqui, não chegamos sequer a 10% desse total e, mesmo assim, essas poucas emendas que apresentamos foram vetadas, é uma situação surpreendente", declarou.
Rolo compactador
Conhecido por um discurso agudo, João Dantas questionou as razões da posição dúbia de alguns parlamentares. "É incrível! Os vereadores da bancada de oposição votaram com o prefeito pela manutenção dos vetos a emendas que foram aprovadas por eles mesmos. Que rolo compactador foi esse? O que abasteceu esse rolo compactador?", indagou.
Gato e rato
Dantas ainda ironizou as palavras de Fernando Carvalho (PMDB), que afirmou que a manutenção dos vetos teria mostrado amadurecimento da Câmara, pondo fim a briga de gato e rato entre Legislativo e Executivo: "Eu não sou sanitarista para entender de rato, nem veterinário para entender de gato. Então, de ratos e gatunos eu não entendo".
Ivonete
Perguntei ao primeiro suplente se ele havia conversado com a líder da bancada de oposição, Ivonete Ludgério, depois da sessão de ontem. Resposta: "Ivonete não ligou nem para dizer o que estava acontecendo no seio da bancada. Fui à Câmara acompanhar a tramitação das minhas emendas, em respeito aos 4.735 votos que obtive na última eleição, como o sexto vereador mais votado na Cidade. Devo satisfação a esse eleitorado, e aqueles que votaram com o prefeito também devem satisfação, não a mim, mas ao povo".
Liderança fraca?
De público, pelo menos até agora, ninguém quer assumir, mas há muita insatisfação entre os opositores do prefeito Veneziano Vital do Rêgo para com a liderança de Ivonete Ludgério. Isso não somente em meio aos vereadores, mas nos blocos políticos que compõem a oposição.
Para muitos, Ivonete exerce uma liderança fraca. Talvez isso aconteça por conta da filosofia de trabalho da parlamentar, que declarou a uma rádio local que não considera que liderança seja imposição. Tentei contato com Ivonete pelo telefone, mas o celular não foi atendido.
Lógica
Pessoalmente, penso que a Câmara de Vereadores de Campina Grande foi coerente com sua incoerência hodierna. Mas, sobre isso, falamos no próximo artigo.
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