O CORAÇÃO DE DAMIÃO FELICIANO

Num momento em que todas as legendas discutem alianças para as eleições de outubro, o deputado federal Damião Feliciano, presidente estadual do PDT, mantém a postura de protelar a decisão quanto ao posicionamento de seu partido, gesto que vem provocando incômodos já não mais silenciosos entre seus correligionários.

Os dois representantes trabalhistas na Assembleia Legislativa, Jacó Maciel e Manoel Ludgério, já demonstraram insatisfação e desconfiança com o comportamento de Damião, tanto que a esposa de Manoel, a vereadora campinense Ivonente Ludgério, migrou - sem ameaça de processo por infidelidade - do PSDB para o PSB. Esta semana, foi a vez do vice-presidente estadual, Chico Franca, reclamar da aparente inércia de Feliciano, chegando a declarar que o partido tomaria encaminhamento próprio em João Pessoa.

Damião, contudo, mantem-se impassível. É presidente da legenda no Estado, deputado federal, e trata diretamente com o ministro Carlos Lupi, comandante nacional do partido. Sente-se, portanto, seguro para adotar o caminho que preferir, ouvir a voz do seu próprio "coração", sem que as reclamações de correligionários - mesmo que deputados estaduais ou seu vice-presidente - causem nele qualquer arritmia cardíaca.

Damião Feliciano não tem pressa, porque aguarda que a poeira baixe, as pesquisas apareçam, apontando rumos mais seguros. Não está preocupado em apontar nomes para alguma chapa majoritária, mas sim garantir sua reeleição, muito preferencialmente apoiando um projeto estadual que seja vencedor, para, assim, poder indicar nomes para o primeiro escalão.


Poderia fazê-lo agora, alinhando-se com o governador José Maranhão, o que resultaria numa já prometida secretaria de Estado para sua esposa, Lígia Feliciano, que foi candidata a vice na chapa do tucano Rômulo Gouveia, na disputa pela prefeitura de Campina Grande em 2008.

Mas o cardiologista Damião Feliciano não sofre taquicardias políticas. Por isso espera, afinal, resta ao presente mandato de Maranhão apenas onze meses. Procura, assim, desenvolver um exercício que julga saudável de amizade com todos os grupos, porque o presente é passageiro e o futuro, perto.

Cuida de manter contato com suas bases, aplicar sua estratégia política junto ao eleitorado e, de resto, esperar. Quem não aguentar seu ritmo, seja companheiro ou adversário, que trate de cuidar da própria pressão arterial.

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