UM PARTIDO PARA VITAL DO REGO

Desde que fiquei sabendo da filiação ao PMDB, ainda há poucos dias, de Antônio Vital do Rego, ex-deputado federal, jurista conceituado e pai de Veneziano e Vitalzinho, imaginei que a filiação do tribuno ia provocar incertezas para o partido, principalmente em Campina Grande, e colocar seus filhos numa posição delicada. Tudo por uma questão: o que fazer com o velho e irriquieto Vital?

Ora, tônus (entenda-se voto) para uma disputa ao cargo de deputado federal, caso Vitalzinho siga outro rumo (o senado ou a chapa de Maranhão como vice), ele não tem. Uma vaga ao legislativo estadual não deve interessá-lo e, ainda que sim, seria preciso muito empenho de seus herdeiros e transfusão de poderio eleitoral para conduzi-lo à Assembléia. Algo mais além disso seria ainda menos possível. E aí? O que fazer?

A solução foi encontrada por Veneziano e Vitalzinho: Vital do Rego fica com o comando do PMDB em Campina Grande. Ponto. Problema resolvido.

Não que ao ex-deputado seja incabível a função. Muito pelo contrário, aliás, principalmente se formos observar que, em muitos casos, presidentes municipais de partidos grandes são meros tapa-buracos, testas-de-ferro e personagens inexpressivas, o que, com certeza, o velho Vital está longe, muito longe de ser. Acontece justamente o contrário, ou seja, o filho do major Veneziano é um senhor impulsivo, inquieto e, como bom advogado, sempre pronto a uma disputa renhida, a uma teima, a um debate.

Tais características, embora não necessariamente negativas, acabam sendo prejudiciais em algumas posições, como a presidência de um partido de peso, porque, em determinadas circunstâncias, a impetuosidade põe a perder qualquer estratégia. Na campanha de Veneziano contra Rômulo, ano passado, por exemplo, creio que a presença efetiva de Vital no processo trouxe prejuízos ao filho.

Lembro-me bem do jurista peitando exageradamente policiais militares na saída de um debate na Campina FM. Já no lamentável episódio do encontro de Veneziano e Rômulo em frente à Associação Campinense de Imprensa, quando estivemos sob a iminência de uma tragédia que poderia ter sido provocada pelo conflito entre centenas de adeptos dos dois candidatos, Vital foi uma das figuras que mais dificultou um acordo de paz para retirada dos grupos. Na mesma ocasião, o vi descompor o então comandante da Polícia Militar. Tudo me pareceu um comportamento retrógrado e autoritário, que não pode ser aceito na política contemporânea - embora ainda o seja - destoante da postura de seus filhos.

Enfim, ainda nas eleições de 2008, quando um pedido de liminar tentou censurar o Jornal da Paraíba, impedindo a divulgação de matérias, a maioria delas assinadas por mim, sobre as ações de investigação judicial eleitoral contra o prefeito (casos Maranata e do cheque da saúde), contaram-me que a ideia tinha sido do tribuno, e que os advogados de Veneziano estariam sobremodo descontentes com a ingerência dele sobre seu trabalho. Se tal é verdade, não sei.

No contraponto, Vital tem outras muitas qualidades reconhecidas e inegáveis. Além de ser um grande jurista, é também um político honesto, como comprovou ao devolver aos cofres estaduais, meses atrás, o salário de então secretário (da representação estadual, em Brasília) que recebeu sem ainda estar trabalhando.

Seja como for, vejamos como o velho Antônio Vital do Rego se comportará, agora à frente do PMDB em Campina Grande.

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